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01.01.2000



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A paixão pelos animais

Bombeiro, policia e padre. Sonhos de criança que não passaram disso mesmo mas que deixaram boas lembranças. Paixões tinha duas: a veterinária e o direito. Ganhou a primeira e, contra a vontade do pai, dedicou toda uma vida ao que mais amava - os animais e a terra. Sente-se plenamente realizado e é como Director da Escola Superior Agrária de Santarém que entrevistámos Henrique Soares Cruz.

Quando era criança, lembra-se se tinha alguns projectos para o futuro?
Por acaso lembro-me. Já começo a ter uma boa percepção do passado. Tive aquelas ideias todas de miúdo. Quis ser bombeiro, quis ser policia, quis ser aquelas coisas todas que tinham farda. Por volta dos oito, nove anos senti um forte apelo pela fé e quis ser padre. Quando fiz dez anos o meu pai perguntou-me se eu sempre queria ir para o seminário. Eu comecei a pensar nas raparigas e decidi que preferia namorar em vez de ir para padre. Depois andei sempre muito dividido entre duas vocações: direito e veterinária.

Quando vim estudar para Santarém comecei-me a dar muito com alunos da Escola de Regentes Agrícolas. Fiz grandes amizades e tornei-me um grande aficionado nas corridas de touros e nos cavalos. Acabei por contrariar ao máximo o meu pai, que queria que eu fosse advogado, e matricular-me na Escola de Regentes Agrícolas, em 1961-1962. A seguir ao curso fiz um estágio em Angola e já não me deixaram regressar por causa da tropa. Acabei por ficar por lá cerca de nove anos. Fiz por ali carreira profissional como regente agrícola e como militar. Depois fui estudar veterinária ao mesmo tempo que trabalhava mas vim acabar o curso em Portugal.

Quando acabei o curso de veterinária [na Escola de Regentes Agrícolas de Santarém] deu-se a coincidência de ter morrido um professor de zootecnia, o Dr. Caldas, e de o então presidente da escola me ter convidado para vir dar aulas. Vim em Dezembro de 1974 e fiquei até hoje.
Entre 1979 e 1987 fui deputado na Assembleia da Republica, tendo sido também vice-presidente do grupo parlamentar do CDS-PP e presidente da Comissão Parlamentar de Agricultura.

Mas hoje em dia já não dá aulas.
Não é bem verdade. De vez em quando e sempre que é preciso ainda dou algumas aulas. Tive que dar algumas aulas do curso de equinicultura, ao qual estou muito ligado porque foi um curso criado por mim. Pensei criar um curso de técnicos especialmente virados para a equinicultura mas que também tivesse a vertente da pedagogia equestre.

O ser Director da Escola Superior Agrária de Santarém engloba o quê?
É dirigir a casa nos múltiplos aspectos que tem uma casa destas. Por que isto acaba ao fim ao cabo por ser uma empresa agrícola de alguma dimensão. Temos quase 200 hectares para governar, meia dúzia de animais das diversas espécies, cerca de 100 funcionários, 100 professores, cerca de mil alunos. É uma casa que não tem falta de problemas para gerir.

Apesar da sua carreira ter estado sempre muito ligada a esta escola, qual considera ter sido o seu maior desafio profissional?
Foram dois. O primeiro foi quando saí da escola de veterinária e tive de ir visitar o primeiro bicho doente. Estava perante um doente que não se queixava. Na escola estudamos os sintomas mas quando chega à vida activa é sempre outra coisa. Aquela angústia que marca os primeiros minutos marcou-me muito. O outro tem a ver com a primeira vez que subi à tribuna da Assembleia da Republica na altura em que se estava a assistir à reforma agrária e tive de falar para os "dinossauros" da política, desde Cunhais a Mário Soares.

E, se pudesse, mudava alguma coisa no seu percurso profissional?.
Não, não mudava. Talvez seja lugar comum dizer isto, mas sempre fiz tudo o que sempre quis e o que gosto. Não me lembro de ter feito nada que tivesse dito "que chatice, não me apetecia nada fazer isto!".

Então, sente-se uma pessoa plenamente realizada?
Sim, plenamente realizada.

E que planos tem para o futuro?
Os meus planos passam pela Escola e pela região em que estou inserido. Continuo a considerar-me disponível para estar ao serviço da comunidade, agora como vereador. Para mim é perfeito. Desde que tenha oportunidade de fazer coisas que contribuam. Aquilo que se chama deixar obra. O homem passa e a obra fica.

Tem alguma coisa em mente?
Neste caso concreto, honrar uma instituição que tem mais de cem anos. Pôr isto em condições e contribuir, de alguma forma, para o aumento de prestigio desta casa. Toda a gente conhece a Escola Agrícola de Santarém e acha que forma grandes técnicos.


SW






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