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01.01.2000



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IT e biologia: duas paixões

Biologia, arquitectura, Internet e tecnologias de informação são algumas das áreas de preferência do arquitecto José Luiz Moutinho, country manager da Neoris. O sonho é conciliar as tecnologias de informação com a biologia e criar modelos de informação para o genoma humano.
Da entrevista, temos de salientar a sua boa disposição e optimismo. Para o arquitecto, "as dificuldades têm de ser passadas para oportunidades" e para as tecnologias de informação não vê problemas, mas cada vez mais necessidades.

É uma pessoa de diferentes interesses, em diferentes áreas?
Sim, bastante. É mesmo por gostar de tudo. Tive uma educação muito eclética. A minha mãe foi a primeira ou a segunda Engenheira na faculdade e o que eu digo é que comecei a gostar de estudar porque eu passei o meu primeiro ano de vida na faculdade. A minha mãe estava a tirar o último ano da faculdade e levava-me todo o dia para lá.
Eu nasci em 69 e, no Brasil, quase não existia mulheres a tirar cursos. A minha mãe foi a segunda mulher, na Universidade Católica que é das mais importantes em Engenharia, a tirar o curso. Eu passei lá o meu primeiro ano e acho que gostei.

Em criança queria ser biólogo.
Tive sempre uma paixão por biologia e até hoje. Continuo a ler muito sobre biologia e muitas das coisas que eu faço na vida tem um pouco de tudo. É mais uma curiosidade larga. Eu continuo a estudar e a ler livros sobre biologia. Adoro estudar com os meus filhos biologia.

Como foi o seu percurso académico?
Eu tive uma licenciatura em biologia e um bacharel em Zoologia. Mas, na realidade, eu sou botânico porque eu formei-me em Zoologia, mas a minha tese foi botânica. Como era bastante interessante, para a época, eles aceitaram-na.
De certa maneira, a minha vida inteira tem sido misturar os conhecimentos.

Tirou, também, uma licenciatura em Arquitectura.
Sim e fiz muitos trabalhos nessa área. Fundei a Eco Arquitectura. Eu já tinha muita experiência em termos de construção e de gestão de equipa porque trabalhava com o meu pai. A Eco Arquitectura era uma firma dedicada mesmo a projectos ecológicos.

Acha que tem tido sorte na sua carreira?
Eu tenho muita sorte, em todos os níveis, de encontrar as pessoas certas no tempo certo.

E como tem sido a experiência na Neoris?
Tem sido muito interessante porque é uma experiência nova. É a primeira vez que eu tenho um "boss" e é interessante porque, hoje em dia, eu tenho mais poder sobre a empresa do que eu tinha quando era sozinho. A responsabilidade continua a ser totalmente minha com a diferença de que tenho um apoio financeiro, administrativo e tecnológico fortíssimo da Cemex ( a Neoris é empresa subsidiária da Cemex). É interessante porque tem um outro nível, global, completamente diferente.

As tecnologias de informação têm sido mais uma área na sua vida?
Desde sempre. Eu comecei a trabalhar com computadores na biologia. Quando eu entrei na faculdade, nós ainda tínhamos os cartões perfurados, nas cadeiras de genética. Aquilo era uma chatice.
E começou aí um pouco o meu conhecimento com os programas de genética. Depois, sempre me dediquei muito ao estudo de ciências cognitivas, não como pesquisador, mas leitor interessado. A similitude que existe do computador com a cabeça, não é um pouco exagerada e sempre me fez gostar de computadores.

Como é que vê a situação de Portugal relativamente às tecnologias de informação (IT) agora com a recessão?
Portugal está relativamente atrasado em relação aos outros países a nível de investimento de IT, mas em termos de crise isso não é visível. As últimas pesquisas que há sobre inovação nas tecnologias de informação revelam que Portugal está a ficar cada vez mais atrasado em relação à Europa. Mesmo com o investimento todo, nós estamos mais atrasados. A fase onde vai haver uma diminuição nos investimentos ainda deve demorar, pelo menos, para o tipo de oferta que nós temos.
Todas as empresas vão precisar sempre de bons parceiros de estratégia e tecnologia e quanto mais crise existir mais necessidade vão ter desse tipo de parceiros. Para mim, crise é oportunidade, não é um problema.

Qual foi o seu maior desafio profissional?
Houve vários. Tudo foi um desafio a diferentes níveis. Biologia, por exemplo, foi um desafio. Com 20 anos já tinha dezenas de trabalhos publicados e em algumas revistas americanas de nome.
Depois, o grande desafio profissional é conciliar aquilo que nós temos de fazer a nível profissional com a vida familiar. Esse é o maior desafio. Conviver com os filhos, tentar passar para eles um pouco do que nós aprendemos.
Depois, apaixonei-me pela Internet e outro desafio foi criar do zero, em 1994, o mercado da Internet junto com duas ou três pessoas. Nunca imaginámos que chegasse até onde chegou, mas nós sentíamos que tinha ali alguma coisa nova nesse caminho.

E as dificuldades, ao longo deste percurso, foram muitas?
As dificuldades têm de ser passadas para oportunidades. É fácil fazer as coisas. A maior limitação que as pessoas têm é o medo de fazer as coisas.

Quais são os projectos para o futuro?
Eu tenho vontade de voltar a trabalhar com biologia e juntar, agora, biologia com tudo o que aprendi nas tecnologias de informação e tentar trabalhar com modelos de informação para o genoma humano. É uma ideia que já tenho a algum tempo e que me interessa muito.
Outra ideia, e que eu vejo que falta em Portugal, são empresas de acompanhamento e desenvolvimento de carreira. Aqui há empresas de recrutamento e selecção, mas não existem empresas que possam dar um apoio e gerir, a todos os níveis, a carreira de uma pessoa.

TP




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