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Formação de liderança para uma cooperação empresarial de sucesso



01.01.2000



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Formação de liderança para uma cooperação empresarial de sucesso


Numa rede de cooperação empresarial, é essencial existir um líder com competências particulares e um elevado grau de confiança para garantir a boa gestão das relações.








Cooperação coesa



O estudo no Inofor.pt


Para o efectivo funcionamento de uma rede de cooperação inter-empresarial, torna-se imprescindível a existência de "um elemento federador, mobilizador, motivador e capaz de congregar a confiança dos restantes participantes", e que seja "conhecedor de todo o processo de construção da cooperação e das suas dinâmicas" afirma Susana Corvelo, economista e técnica superior do projecto "Evolução das Qualificações e Diagnóstico das Necessidades de Formação" do Instituto Nacional de Formação (INOFOR).

Esta é a principal conclusão do estudo "Cooperação Interorganizacional - das trajectórias às redes", nº 1 da colecção Estudos Temáticos do INOFOR. O principal objectivo do trabalho consiste em identificar as principais competências que tanto o líder ou facilitador da rede, como os próprios empresários - os agentes activos da estrutura de cooperação entre empresas - devem mobilizar no sentido de conduzir o relacionamento ao sucesso e, assim, definir qual a natureza e âmbito da formação necessária para o facilitar.

A base de toda a análise foi a abordagem empírica de estudos de casos reais de cooperação de empresas na área da indústria construídas através de três programas institucionais de estímulo à cooperação.

Decorrente da observação, tentou-se chegar a uma resenha de condições que mais pareciam influenciar o mau funcionamento ou a progressiva "anemia" da cooperação. E, por outro lado, identificar os factores comuns aos casos que mais se aproximavam de configurações de uma efectiva "rede" de relacionamentos entre empresas com um bom funcionamento "enquanto iniciativa conjunta e partilhada".

Este estudo pretende constituir-se como "um efectivo ponto de partida para uma discussão mais alargada das questões fulcrais da cooperação entre organizações e do impulso que uma formação e dotação de competências na área da facilitação e da mediação de relações entre empresas poderá dar na prossecução de estratégias de cooperação e partilha". Tendo em conta que a maioria dos casos estudados são ainda "iniciativas de cooperação em estado embrionário".

Liderança transparente

Embora a sensibilização e familiarização crescente com o conceito de cooperação seja uma questão essencial para que as iniciativas de cooperação se constituam de forma sólida, é, segundo a coordenadora deste estudo, "ainda mais importante que existam elementos facilitadores dessas relações de partilha". Um elemento que deverá funcionar como líder da iniciativa, quer seja um dos empresários das entidades cooperantes ou um membro externo facilitado pela entidade institucional de suporte.

"Foi para nós evidente, ao longo do estudo, não só o carácter fundamental da existência de uma liderança interna aos projectos de cooperação, como ainda de uma liderança com características específicas" que lhe permita "não só promover a transparência dos processos, como ainda de saber negociar e gerir os relacionamentos dos cooperantes", sublinha Susana Corvelo.

Competências que devem ser desenvolvidas através de um processo de formação que forneça a componente técnica necessária, assim como "conhecimentos de índole mais social e relacional, que permitam enfrentar os desafios inerentes à gestão da inter-relação entre pessoas". Porque, afinal, a colaboração numa área de negócio é também uma "cooperação entre indivíduos e de liderança".

O estudo destaca uma das características base que esta figura central deve ter: "ser capaz de perceber a cooperação como um todo, como uma trajectória com dinâmicas e obstáculos específicos com que é preciso saber lidar e que é preciso saber ultrapassar".

Torna-se evidente que a eficácia da actuação dos "brokers" (líderes) no seio das iniciativas de cooperação depende da selecção dos actores a quem ministrar a formação.

Os principais factores apontados - a experiência, o conhecimento aprofundado das áreas de negócio a criar com a cooperação ou das dinâmicas do tecido empresarial, bem como a solidez de conhecimentos técnicos específicos na área da gestão e até noções prévias de liderança - traçam um "certo tipo de perfil a considerar aquando da escolha do público a quem a formação deverá ser dirigida".

Para além das questões "de liderança e confiança fortes", Susana Corvelo destaca outros factores comuns aos casos em que a cooperação melhor funcionava que parecem ter uma importância relevante: "o número de cooperantes relativamente reduzido, a proximidade geográfica entre as empresas, a estabilidade nas parcerias e, finalmente, a própria postura e atitude dos empresários ser muito propiciadora da cooperação". (ver caixa)

Uma postura marcada, não só pela abertura e "vontade de confiar", mas principalmente pela visão estratégica, encarando a cooperação como uma mais-valia a longo prazo.

Formar empresários pró-activos

A agilização da cooperação não depende só do seu "broker", mas "das características e do comportamento dos cooperantes e da generalidade dos actores em questão". Os principais actores e responsáveis do funcionamento da 'rede' são os próprios empresários.

É fundamental os projectos institucionais de apoio à construção de redes de cooperação garanta uma formação abrangente que foque, não só competências técnicas sólidas, como também "capacidades sociais e relacionais", em especial a técnica de negociar. O documento salienta como é importante ter em consideração o factor experiência, ou seja, "o conhecimento do 'terreno', das inter-relações e das dinâmicas empresariais locais e regionais".

É imprescindível que os empresários estejam motivados e preparados para "levar a cabo iniciativas de cooperação por iniciativa própria, tentando reduzir progressivamente a intervenção institucional neste domínio". O estudo refere a importância do apoio para a concretização de projectos de 'redes' de cooperação incluir "uma formação em estratégia ou empreendedorismo" para conciliar o espírito de iniciativa com as ferramentas de gestão e estratégia empresarial.

Uma rede de cooperação empresarial é acima de tudo "uma interacção permanente entre pessoas". Por isso, o documento acha determinante para o sucesso da cooperação que a formação dos empresários tenha em especial atenção, aliado às competências referidas, o seu perfil e determinadas atitudes.

Factores como o sentido estratégico e capacidades de planeamento a longo prazo, de diálogo e de negociação e a experiência associativa tornam-se essenciais pois facilitam o relacionamento interpessoal, o processo de transmissão de informação e a tomada de decisões colectivas.



Cooperação coesa

Características comuns observadas nas iniciativas de rede de cooperação consideradas de sucesso:

· Dimensão reduzida - número médio de elementos: 5 ou 6
· Igualdade de participação - empresas com partes sociais semelhantes nas sociedades de cooperação
· Proximidade geográfica - empresas pertencem a uma mesma região
· Estabilidade de parceiros - os parceiros que constituíram a rede mantêm-se
· Visão estratégica dos empresários cooperantes
· Elevado grau de confiança
· Um titular de liderança que motiva e une os cooperantes






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