Formação de liderança para
uma cooperação empresarial de sucesso
Numa rede de cooperação empresarial, é
essencial existir um líder com competências particulares
e um elevado grau de confiança para garantir a boa gestão
das relações.
Cooperação coesa
O
estudo no Inofor.pt
Para o efectivo funcionamento de uma rede de cooperação
inter-empresarial, torna-se imprescindível a existência
de "um elemento federador, mobilizador, motivador e capaz
de congregar a confiança dos restantes participantes",
e que seja "conhecedor de todo o processo de construção
da cooperação e das suas dinâmicas" afirma
Susana Corvelo, economista e técnica superior do projecto "Evolução
das Qualificações e Diagnóstico das Necessidades
de Formação" do Instituto Nacional de Formação
(INOFOR).
Esta é a principal conclusão do estudo "Cooperação
Interorganizacional - das trajectórias às redes",
nº 1 da colecção Estudos Temáticos do INOFOR.
O principal objectivo do trabalho consiste em identificar as principais
competências que tanto o líder ou facilitador da rede,
como os próprios empresários - os agentes activos da
estrutura de cooperação entre empresas - devem mobilizar
no sentido de conduzir o relacionamento ao sucesso e, assim, definir
qual a natureza e âmbito da formação necessária
para o facilitar.
A base de toda a análise foi a abordagem empírica de
estudos de casos reais de cooperação de empresas na
área da indústria construídas através
de três programas institucionais de estímulo à
cooperação.
Decorrente da observação, tentou-se chegar a uma resenha
de condições que mais pareciam influenciar o mau funcionamento
ou a progressiva "anemia" da cooperação. E,
por outro lado, identificar os factores comuns aos casos que mais
se aproximavam de configurações de uma efectiva "rede"
de relacionamentos entre empresas com um bom funcionamento "enquanto
iniciativa conjunta e partilhada".
Este estudo pretende constituir-se como "um efectivo ponto
de partida para uma discussão mais alargada das questões
fulcrais da cooperação entre organizações
e do impulso que uma formação e dotação
de competências na área da facilitação
e da mediação de relações entre empresas
poderá dar na prossecução de estratégias
de cooperação e partilha". Tendo em conta que
a maioria dos casos estudados são ainda "iniciativas
de cooperação em estado embrionário".
Liderança transparente
Embora a sensibilização e familiarização
crescente com o conceito de cooperação seja uma questão
essencial para que as iniciativas de cooperação se constituam
de forma sólida, é, segundo a coordenadora deste estudo,
"ainda mais importante que existam elementos facilitadores
dessas relações de partilha". Um elemento que
deverá funcionar como líder da iniciativa, quer seja
um dos empresários das entidades cooperantes ou um membro externo
facilitado pela entidade institucional de suporte.
"Foi para nós evidente, ao longo do estudo, não
só o carácter fundamental da existência de uma
liderança interna aos projectos de cooperação,
como ainda de uma liderança com características específicas"
que lhe permita "não só promover a transparência
dos processos, como ainda de saber negociar e gerir os relacionamentos
dos cooperantes", sublinha Susana Corvelo.
Competências que devem ser desenvolvidas através de
um processo de formação que forneça a componente
técnica necessária, assim como "conhecimentos
de índole mais social e relacional, que permitam enfrentar
os desafios inerentes à gestão da inter-relação
entre pessoas". Porque, afinal, a colaboração
numa área de negócio é também uma "cooperação
entre indivíduos e de liderança".
O estudo destaca uma das características base que esta figura
central deve ter: "ser capaz de perceber a cooperação
como um todo, como uma trajectória com dinâmicas e obstáculos
específicos com que é preciso saber lidar e que é
preciso saber ultrapassar".
Torna-se evidente que a eficácia da actuação
dos "brokers" (líderes) no seio das iniciativas de
cooperação depende da selecção dos actores
a quem ministrar a formação.
Os principais factores apontados - a experiência, o conhecimento
aprofundado das áreas de negócio a criar com a cooperação
ou das dinâmicas do tecido empresarial, bem como a solidez de
conhecimentos técnicos específicos na área da
gestão e até noções prévias de
liderança - traçam um "certo tipo de perfil
a considerar aquando da escolha do público a quem a formação
deverá ser dirigida".
Para além das questões "de liderança
e confiança fortes", Susana Corvelo destaca outros
factores comuns aos casos em que a cooperação melhor
funcionava que parecem ter uma importância relevante: "o
número de cooperantes relativamente reduzido, a proximidade
geográfica entre as empresas, a estabilidade nas parcerias
e, finalmente, a própria postura e atitude dos empresários
ser muito propiciadora da cooperação". (ver
caixa)
Uma postura marcada, não só pela abertura e "vontade
de confiar", mas principalmente pela visão estratégica,
encarando a cooperação como uma mais-valia a longo prazo.
Formar empresários pró-activos
A agilização da cooperação não
depende só do seu "broker", mas "das características
e do comportamento dos cooperantes e da generalidade dos actores em
questão". Os principais actores e responsáveis
do funcionamento da 'rede' são os próprios empresários.
É fundamental os projectos institucionais de apoio à
construção de redes de cooperação garanta
uma formação abrangente que foque, não só
competências técnicas sólidas, como também
"capacidades sociais e relacionais", em especial
a técnica de negociar. O documento salienta como é importante
ter em consideração o factor experiência, ou seja,
"o conhecimento do 'terreno', das inter-relações
e das dinâmicas empresariais locais e regionais".
É imprescindível que os empresários estejam
motivados e preparados para "levar a cabo iniciativas de cooperação
por iniciativa própria, tentando reduzir progressivamente a
intervenção institucional neste domínio".
O estudo refere a importância do apoio para a concretização
de projectos de 'redes' de cooperação incluir "uma
formação em estratégia ou empreendedorismo"
para conciliar o espírito de iniciativa com as ferramentas
de gestão e estratégia empresarial.
Uma rede de cooperação empresarial é acima de
tudo "uma interacção permanente entre pessoas".
Por isso, o documento acha determinante para o sucesso da cooperação
que a formação dos empresários tenha em especial
atenção, aliado às competências referidas,
o seu perfil e determinadas atitudes.
Factores como o sentido estratégico e capacidades de planeamento
a longo prazo, de diálogo e de negociação e a
experiência associativa tornam-se essenciais pois facilitam
o relacionamento interpessoal, o processo de transmissão de
informação e a tomada de decisões colectivas.
Cooperação coesa
Características comuns observadas nas iniciativas
de rede de cooperação consideradas de sucesso:
· Dimensão reduzida - número médio de elementos:
5 ou 6
· Igualdade de participação - empresas com partes
sociais semelhantes nas sociedades de cooperação
· Proximidade geográfica - empresas pertencem a uma mesma
região
· Estabilidade de parceiros - os parceiros que constituíram
a rede mantêm-se
· Visão estratégica dos empresários cooperantes
· Elevado grau de confiança
· Um titular de liderança que motiva e une os cooperantes