Carreiras

ExpressoEmprego - Barómetro RH 2008 - Ana Loya



01.01.2000



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Ana Loya
Administradora e directora-geral da Ray Human Capital


Há, aproximadamente, uns meses, reflectíamos acerca da internacionalização dos recursos humanos. Mais concretamente dos portugueses. Já nessa altura, neste mesmo painel, todos reflectíamos sobre o facto desta internacionalização significar para nós, pelo menos nas últimas décadas, quadros expatriados de multinacionais que, com o objectivo de retenção do talento e de apostar no desenvolvimento dos seus melhores quadros, proporcionam a alguns profissionais, uma temporada em Portugal. Isto só é possível se as posições existirem. Se não vejamos, como pode um quadro executivo português experimentar uma temporada noutro país sem que lá exista uma sucursal da empresa em que trabalha?


Não obstante conhecer vários casos de sucesso de executivos portugueses além-fronteiras — alguns com bastante brilhantismo — a realidade é que a equação talento/oportunidades é, para nós, algo desigual. Estas circunstâncias levam muitos ‘cérebros' e não só, a procurar o seu caminho fora de terras lusitanas. É do conhecimento geral no mundo das ciências e da investigação, das artes e das vidas empresariais. Não temos espaço para esse potencial de talento, além de um número x, como se fosse para entrar na Universidade. Quem não fica no curso que quer, vai para outro ou muda de terra para estudar o que realmente gosta. Além dos portugueses que tiveram de sair de Portugal à procura de um denominador de oportunidades maior, já aqui referi que conheci alguns jovens quadros (espanhóis) que, na casa dos 30 anos, assumiram funções de Direcção-Geral na sucursal portuguesa de multinacionais — lembro-me do sector de Grande Consumo — após carreiras rápidas e brilhantes em países como a China, vários da América Latina e na sequência de carreiras académicas brilhantes em Yale, Harvard, Cambridge, etc. Alguns deles, ao aproximar-se o fim do «assignment» em Portugal procuraram ficar por cá. Dos três que agora me lembro, um teve de ir para Paris, outro para o Brasil e o terceiro, casado com uma portuguesa ainda ficou por cá uns dois anos, após abrir uma empresa sua ligada ao Marketing.

Pois é. Por cá temos um contingente para cérebros. O sistema de valores — aquilo que realmente pauta a nossa vida — determinará se arriscamos por cá ou se saímos. Dizia-se que “em terra de cegos quem tem olho é rei”, mas creio que já não se aplica da mesma forma. Dado que a inteligência se distribui segundo uma curva normal, independentemente do desvio-padrão teremos proporcionalmente tantos cérebros como outros países. São as oportunidades que não se distribuem da mesma maneira e continuamos a carecer de iniciativas que absorvam o que temos para dar.






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