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ExpressoEmprego - Barómetro RH - Rémy de Cazalet



01.01.2000



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Rémy de Cazalet
Michael Page Internacional



A tendência para a denominada “fuga de cérebros” tem vindo a acentuar-se ao longo dos últimos anos, tendo atingido números recorde nos últimos anos, sendo um fenómeno observável a dois níveis: académico e profissional. A nível académico não se trata tanto de uma fuga, mas mais de uma necessidade por parte de alguns jovens promissores de se desenvolverem e aprenderem novas áreas científicas, tanto devido à quase nula aposta na investigação, como à falta de cultura científica do país.


Se, por um lado, estes jovens se vêem forçados a sair do país para estudarem nas melhores universidades, o regresso não é, de todo, o mais animador — as universidades não têm a capacidade, nem muitas vezes querem, de recrutar estes alunos como professores de forma a colocarem em prática e a desenvolverem o que aprenderam lá fora. A nível profissional esta fuga é particularmente evidente em funções técnicas, de investigação e de desenvolvimento, por Portugal não possuir, salvo algumas excepções, centros de I&D com as mesmas competências que as congéneres europeias e norte americanas.

Paralelamente, com a saída dos centros de decisão de Portugal, vários profissionais com funções mais próximas da Gestão da empresa optam por desenvolver a sua carreira no estrangeiro, optando por estarem mais próximos destes centros de decisão e consolidarem as suas competências estratégicas em detrimento das operacionais.A nível académico cabe ao Governo tomar medidas de apoio e desenvolvimento das Universidades, tornando-as mais competitivas e viradas para a inovação. Contudo, as próprias Universidades têm de se modernizar, de forma a deixarem de ser apenas centros de transmissão de conhecimento, mas também de investigação e de criação de riqueza através do desenvolvimento de clusters empresariais e industriais à sua volta.

A nível empresarial o Governo tem menor capacidade de intervenção, mas podem ser tomadas medidas de forma a atrair o investimento estrangeiro, tornar Portugal um país atractivo para centros de desenvolvimento e de produção, através de incentivos fiscais ou por melhoria de infra-estruturas.

Não será fácil inverter esta ‘fuga' mas Portugal não se pode dar ao luxo de não o fazer — a saída dos melhores tem implicações como a perda de produtividade e de visão estratégica, o que contribui para o agravamento do fosso entre Portugal e os outros países da União Europeia.






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