Ana Loya
Administradora e directora-geral da Ray Human Capital
Faz agora um ano que iniciávamos estas colunas mensais do barómetro de emprego. Como era passagem do ano era momento de balanço. E eis que mais um ano passou! Ao pensar no mercado de trabalho em Portugal em 2007 o balanço não chegou a tomar balanço. Parece que ainda está à espera de um empurrão, ligeiro mas determinado, para que o movimento comece e se auto-alimente com cadência e ritmo. Pelos vistos, no início de 2007 não conseguimos fazer «refresh» no sistema e, o ano que passou, em termos de mercado de trabalho não fez história por cá! Também não surpreendeu pela positiva, nem pela negativa. Em média, foi morno. Tíbio.
O mercado de trabalho está, naturalmente, ligado à economia. Global e local. As deslocalizações das empresas continuam e o crescimento dos países de leste europeus e da China continua. Por cá, nos doze meses que se passaram falou-se de flexisegurança, de desemprego, de qualificação, de retenção de quadros, do aumento do desemprego de longa duração. Tudo temas que passarão para 2008, pelo menos.
Pela primeira vez - creio eu - assistimos em Portugal ao não desbloqueamento de Estatutos de uma grande empresa pela parte de pequenos accionistas. Isto passou-se com a PT e, estou convencida que é inédito. Dois dos principais bancos portugueses, têm estado na mira da população activa e o desfecho destas abordagens vai continuar a estar na atenção de Portugal (e não só!) e, a haver desfecho, irá ter influência nos postos de trabalho de algumas centenas de pessoas durante 2008.
De facto, em termos de balanço há pouco a dizer. Falta à economia e ao mercado de trabalho algum verdadeiro entusiasmo, por exemplo um grande projecto de investimento, como foi há cerca de 15 anos a fábrica da Auto-Europa. A este respeito, devo dizer, que os problemas ou limitações competitivas que tínhamos na altura, continuamos a ter e isso não é muito animador: a falta de ensino técnico de nível médio, a rigidez da legislação laboral, etc.
365 dias é só um período de tempo que denominamos ano civil. E, neste que agora acaba, talvez seja altura de fazer um SWOT a sério. Atender criteriosamente aos nossos pontos fracos mas, sobretudo, rentabilizar os pontos fortes - que os temos - e transformar as ameaças reais em verdadeiras oportunidades para as pessoas que habitam este país. Mais uma vez - começando a sentir-me como o Velho do Restelo - é preciso coragem da parte de quem manda!