Rémy de Cazalet
Michael Page Internacional
Portugal é um país em que, devido a uma série de contingências históricas e consequentes atrasos na educação, abertura e desenvolvimento, o diploma ainda pesa muito ao nível da integração e do reconhecimento social. Ora o principal problema é o enviesamento existente entre o peso social e o peso profissional.
Muitos jovens têm pressão endógena e exógena para obterem uma licenciatura em áreas preferencialmente diferentes daquelas em que os seus pais desenvolveram a sua profissão, principalmente pelo estigma do se querer melhor para os filhos. Daí todos quererem ter um estatuto mais pensante do que propriamente operacional. No entanto, a uma distância temporal de 30 anos, melhor não é necessariamente diferente. Surge aqui a dicotomia entre áreas profissionalmente sobrepovoadas que escoam os mais aptos provenientes das escolas de maior prestígio e que lançam os que têm diplomas equivalentes de faculdades menos reconhecidas em profissões/ocupações mais indiferenciadas.
Cada vez mais a diferenciação surge pelo posicionamento de nicho, e as oportunidades estão precisamente em áreas em que todos os dias nos surge pelos «media» a necessidade extrema de quadros técnicos.
Para que possamos fazer uma reorientação da nossa população activa, é necessário primeiro, ultrapassar a nível interno/familiar a cultura que existe, factor cada vez mais simples graças a uma nova geração de pais mais jovens com filhos em idade de escolha profissional com menor vivência do referido passado, realçar a atractividade dos perfis mais técnicos e operacionais e disponibilizar informação concreta sobre a empregabilidade de cursos, excedentes de categorias profissionais, e necessidades nas várias áreas específicas.
Hoje em dia, num mundo cada vez mais competitivo e meritocrático, mais importante do que ter uma licenciatura é trabalhar e ter sucesso no desenvolvimento da sua profissão.