Rémy de Cazalet
Michael Page Internacional
O mercado de trabalho em Portugal tem assistido a uma tendência crescente para o aumento da taxa de desemprego entre os trabalhadores com menores qualificações e, por oposição, a uma procura crescente de recursos humanos com um nível de qualificação médio/superior.
Contudo, dado que apenas 30% dos trabalhadores portugueses no activo detêm o 12º ano, o panorama não é ainda animador, embora esta tendência se vá alterar a médio/longo prazo. Os trabalhadores portugueses têm procurado aumentar as suas qualificações, com recurso a pós-graduações, mestrados ou MBA, mas com o objectivo principal de terem acesso a melhores empregos e melhores condições financeiras e não tanto para aumentarem a sua competitividade e empregabilidade a nível global.
Nota-se, no entanto, que existe um número bastante apreciável de trabalhadores portugueses que reúnem todas as condições para competir com trabalhadores oriundos de países com melhores sistemas educacionais, fruto não só das habilitações académicas que possuem, mas também da experiência profissional que possuem em empresas multinacionais.
Todavia, o trabalhador português é, por norma, avesso ao risco e à mudança o que implica que, mesmo tendo condições para competir com trabalhadores de outros países, a opção é, maioritariamente, por um país, empresa ou emprego que já conhecem, recusando assim a mudança e a oportunidade de enriquecimento tanto a nível pessoal como profissional. Só uma pequena percentagem de candidatos é que revela um verdadeiro interesse por um projecto internacional e encontram-se, maioritariamente, numa faixa etária superior aos 35 anos.
O aumento da procura de carreiras internacionais deverá acentuar-se ao longo dos próximos anos, em consequência das melhores condições, tanto de trabalho, como salariais, oferecidas noutros países, da possibilidade de estar mais próximo dos centros de decisão e também pela possibilidade de operar em mercados de dimensão muito superior à portuguesa.