Rémy de Cazalet
Michael Page Internacional
Analisando os recentes estudos que colocam o pib per capita de Portugal em 75% da média da EU, a produtividade e competitividade do mercado é novamente um assunto a debater. O crescimento actual da economia está directamente ligado ao desenvolvimento do sector terciário, contudo este poderá não ser um bom indicador uma vez que o índice populacional de Portugal não tem dimensão para suportar grandes crescimentos neste sector.
Tendo em conta os mercados onde já tive oportunidade de trabalhar (França, Espanha e EUA), verifica-se que são economias com fortes capacidades produtivas ao nível da chamada alta indústria, que suportam crescimentos sustentáveis nos demais sectores. Este exemplo significa que, para Portugal ser competitivo, necessita de continuar a criar condições estruturais e de «know-how» técnico para criar nichos produtivos altamente tecnológicos.
O nível salarial praticado num âmbito de «middle management», torna o país extremamente competitivo ao investimento directo estrangeiro, mas esse facto perde a vantagem competitiva se não se criarem infra-estruturas de comunicação avançadas que tornem o «supply chain» mais vantajoso, tendo em conta o posicionamento pouco estratégico de Portugal.
Os grandes grupos económicos nacionais procuram crescer pela internacionalização e pela diversificação de investimentos, sendo um sinónimo de competitividade e de criação de valor acrescentado no mercado nacional. Não obstante este facto, o crescimento económico terá de passar directamente pela captação de investimento internacional, já que o capital humano nacional está preparado para desenvolver novos processos produtivos altamente tecnológicos, devendo o Governo continuar a apostar em quadros superiores técnicos e em estratégias de captação de investimento.
Os indicadores que avaliam a produtividade da economia muitas vezes se confundem, de forma errada, com os acréscimos de custos de produção, o que é normal numa economia moderna e em crescimento. Este indicador dever-nos-ia dizer que Portugal começa a ser cada vez menos competitivo em sectores de mão-de-obra indiferenciada, começando sim a sê-lo, em sectores tecnologicamente mais avançados.
A fórmula é simples, continuar a formar e desenvolver estratégias para aumentar o interesse internacional no nosso mercado, pois no que toca ao Capital Humano português, somente aguardam a oportunidade para lançar a economia.