Amândio da Fonseca
Administrador do Grupo EGOR
O tema da produtividade e competitividade pode levar-nos a incorrer na consideração simplista de que os problemas de competitividade nacional resultam apenas da ineficácia dos nossos trabalhadores ou da fraca qualidade da liderança dos gestores portugueses e esquecer que, embora a produtividade seja um conceito nuclear da competitividade, este é um modelo pluridisciplinar cujos resultados são determinados por uma vasta panóplia de factores de natureza económica, social e política .
É um facto que a produtividade global em Portugal corresponde a metade da média da maioria dos países europeus mais avançados e constitui um das causas mais sérias da falta de sustentabilidade da nossa economia. Neste sentido, tudo o que se possa fazer para aumentar os níveis de produtividade constitui um imperativo prioritário sobretudo se tivermos em conta os desafios da globalização com que Portugal se defronta.
Para definir qualquer tipo de estratégia é indispensável definir em primeiro lugar o papel da produtividade no modelo de competitividade actualmente existente. Para a Comissão Europeia para a Produtividade a produtividade é em primeiro lugar um «state of mind» que se corporiza numa atitude permanente de íntima e pessoal compulsão para a melhoria contínua da qualidade, isto é de excelência.
Avançar para um novo modelo de competitividade implica recordar que ‘os estados de alma' em Portugal só evoluirão quando estiverem reunidas condições de convergência estrutural onde, além da compulsão para a excelência sejam visíveis, simultaneamente, progressos generalizados na cultura dos nossos gestores, um significativo acréscimo das capacidades tecnológicas nacionais, o aumento da rendibilidade das empresas, o reforço dos investimentos em I&D, uma genuína preocupação dos parceiros sociais em colocar o interesse nacional à frente dos corporativos e, «last but not least», uma clara conciliação dos interesses ligados à energia e ao ambiente.