Pedro Passas Cunha
Director da Ray Human Capital
O sistema educativo em Portugal sofre mudanças e reformas permanentes, mostrando-nos assim um séc. XXI caracterizado por uma realidade, em que os jovens sentem a sua vida e rumo profissional como inconstantes, não permitindo muitas vezes que as suas escolhas sejam baseadas nas suas aptidões e competências, mas na segurança da sua vida futura como adultos e independentes.
Desde há muito tempo que ter um diploma não é necessariamente sinónimo de emprego garantido. O desemprego atinge os vários níveis escolares dos jovens, no entanto este é maior na camada que optou por terminar o 12º ano geral. Em contrapartida, os jovens que ingressaram num ensino superior ou num ensino técnico-profissional, conseguem alcançar uma maior progressão profissional.
O ensino técnico profissional, apresenta, então, uma alternativa ao ensino superior, demonstrando uma grande importância funcional, pois entrega ao mercado uma mão-de-obra mais especializada, que faz falta aos níveis intermédios da nossa economia; reduz o insucesso e abandono escolar, devido aos seus conteúdos menos teóricos e mais práticos, dando-se relevância ao saber fazer prático de uma função e profissão específica.
Os cursos técnico-profissionais apresentam ainda uma mais-valia, ao nível social, pois oferecem a possibilidade de classes socialmente mais desfavorecidas terem acesso a uma formação e educação sólida, baseadas nas qualificações e competências necessárias na sua vida profissional, permitindo que os jovens estudantes venham a passar por uma mobilidade social ascendente.
Estes cursos estão associados, muitas vezes, a alguns estigmas sociais pois não fazem parte da escolha dos jovens que pertencem às classes sociais média alta e alta. No entanto, estes garantem saídas profissionais semelhantes ou mesmo melhores, que os jovens que optam pelo 12º ano geral. Os cursos técnico-profissionais conseguem, assim, formar jovens que virão a ocupar os cargos que se situam entre a administração de uma empresa e um empregado fabril.