Amândio da Fonseca
Administrador do Grupo EGOR
Não obstante os progressos educativos das últimas décadas e de o analfabetismo jovem ter sido erradicado, Portugal tem ainda 3,5 milhões de trabalhadores que não completaram o ensino secundário. Modernizar o país constitui uma ambição histórica que em 1967 o Estado Novo definiu como meta do III Plano de Fomento e Cavaco Silva como objectivo nos anos 80. O QREN, dotado de recursos e condições políticas excepcionais, surge agora como o mais recente paliativo para a resolução dos problemas do desemprego e educação e de motor para nos arrancar da cauda da Europa.
Só será, no entanto, possível implementar uma verdadeira e duradoura estratégia de desenvolvimento se formos capazes de investir toda a energia colectiva no desenvolvimento de uma classe de trabalhadores criativos que a OIT define como “pessoas com formação superior, preparadas e formadas para resolverem problemas de elevada complexidade, dotadas de autonomia de julgamento, inteligência visionária e capacidade de gestão qualquer que seja o sector de actividade em que actuam”.
Esta classe criativa é hoje reconhecida — em todo o mundo — como o verdadeiro alfobre da inovação e crescimento económico. Constituída por cientistas, engenheiros, «designers», educadores, empreendedores inclui igualmente escritores, artistas plásticos e profissionais da informação e do entretenimento, músicos e actores. Ou seja: todos aqueles cuja função económica é conceber novas ideias, desenvolver tecnologias e criar novos conteúdos.
O Governo definiu a educação e o desenvolvimento económico como prioridades nacionais. Só o conseguirá se reconhecer “a inovação e a criatividade como os verdadeiros motores do desenvolvimento económico”.(Schumpeter) Para evoluir da era da economia industrial para uma nova economia criativa não basta investir em obras faraónicas e planos tecnológicos.
É indispensável que à semelhança dos países que consideramos modelares o QREN tenha como 1ª prioridade o investimento nos conhecimentos, inteligência e criatividade dos portugueses.