Amândio da Fonseca
Administrador do Grupo EGOR
O mercado de emprego está a viver a mais longa e dolorosa crise dos últimos 20 anos. Apesar dos sinais intermitentes de alguma recuperação sazonal em 2006, as perspectivas de mudança estão longe de augurar, na melhor das hipóteses, significativas alterações dos índices de desemprego em 2007.
A situação actual é o corolário de um processo de esgotamento das potencialidades da economia de criar novos postos de trabalho em Portugal. Com a integração europeia o país viveu uma época áurea durante a qual as massivas injecções de investimento estrangeiro e o desenvolvimento da economia sobretudo no sector dos serviços que permitiram criar centenas de milhares de postos de trabalho no âmbito da grande distribuição, da banca moderna, da restauração rápida, das telecomunicações, dos serviços de protecção de pessoas e bens e pouco mais.
Se bem que em muitos casos se tenha tratado de funções pouco qualificadas o crescimento acelerado da economia permitiu-nos alcançar taxas de desemprego invejáveis em comparação com os nossos vizinhos ricos da Europa.
Infelizmente o modelo está esgotado e a falta de qualificação da esmagadora maioria da mão-de-obra nacional não nos permite competir com novos concorrentes europeus que têm a favor níveis culturais muito elevados e salários francamente inferiores aos nossos.
2007 será, decerto, mais um ano difícil em que o desemprego poderá aumentar. Como nota positiva resta a esperança de que o actual Governo não desfaleça na via dolorosa das mudanças em curso.