Ana Loya
Administradora e directora-geral da Ray Human Capital
Durante o mês de Abril vai falar-se mais de empreendedores. Vai falar-se de ideias (boas ideias), investimentos e desenvolvimento, ou seja, de futuro. Pela nossa história penso que sempre houve portugueses empreendedores. Sempre houve e ainda há. Conheço alguns! Uns com boas ideias e que tiveram resultados, outros que tiveram resultados sem grandes ideias e outros que, apesar de boas ideias, atravessaram (e atravessam) grandes dificuldades. Para lá dos indivíduos e dos seus sonhos e projectos, os grupos funcionam por vezes de modo autónomo esmagando a individualidade.
Destes empreendedores que conheço, lembro-me pelo menos de dois casos em que o que correu mal se deveu ao cliché do costume: os principais clientes eram do Estado (Ministérios, Câmaras, etc.) e, logo, foi impossível cumprir obrigações fiscais porque tinham de pagar impostos, mais de um ano antes da possibilidade de cobrarem. Estas duas histórias acabaram mal! Empresas pequenas, de empreendedores inteligentes, que criaram postos de trabalho e que tiveram de os extinguir por falta de pagamento do Estado.
Se não fosse tão dramático podia parecer um argumento de má qualidade. Mas é real. Qualquer plano de acção pressupõe a identificação clara de 'o quê?', do 'como' e do 'quando/quem'. É a articulação destes três vectores que permite planear, controlar, atingir. Por definição uma boa ideia, é a resposta ao 'o quê?'. É o princípio do empreendedor. Quando começa a passar à análise do 'como', como fazer, como implementar, etc. toma corpo a ideia e começa. O 'quem' já implica terceiros, implica o outro. É complicado, para os portugueses terem de lidar com um Golias forte e que é o Estado! A mim pessoalmente chocou-me a utilização da palavra anjos para um tema económico - prefiro pensar que são a arma dos Davids na luta contra os Golias.
Mas pensando melhor, talvez estejamos mesmo a falar de resposta às preces de tanta gente empreendedora que só precisa de um facilitador ou apoio - e não de graça - que lhes permita concretizar um projecto, ajudar a desenvolver a economia do seu país e, quem sabe, aumentar o leque de personalidades em quem Portugal poderá votar daqui a uns anos na eleição do Melhor Português de Sempre...