Dossier Especial
Portais
Redes
e Recursos Humanos
Autor: Jorge Marques
Presidente da APG
Um dos graves problemas com que ainda se confrontam as organizações
de hoje, é a predominância da utilização de
uma linguagem máquina em todas as suas relações.
Isso leva a um entendimento baseado no sentido do poder, de que servem
objectivos de alguém, são rígidas, estáticas,
mudam se alguém as mudar, os actos são irresponsáveis,
as decisões pertencem a um grupo restrito, os seus membros são
vistos como recursos em reserva á espera de serem utilizados, aprende-se
com a soma da aprendizagem individual.
A alternativa a esta visão, tem a ver com uma nova perspectiva,
onde a organização é olhada como um ser vivo. Nesse
novo entendimento, as organizações pertencem aos seus membros,
não possuem controlo, criam os seus próprios processos,
tal como o corpo humano fabrica as suas células, articulam os seus
órgãos e sistemas, evoluem por si e naturalmente, tem identidade
própria, os seus objectivos, a sua autonomia, a sua capacidade
ilimitada, aprende-se colectivamente a partir do todo.
Temos por isso de encarar, com um sentido muito profundo, esta diferença
de perspectivas e que se resume no essencial, ao aparecimento de vida
e de inteligência, onde antes predominava apenas a tal linguagem
máquina.
Estas mudanças, ocorrem obrigatoriamente quando assumimos, com
todas as consequências, que queremos vida e inteligência nas
nossas organizações e que elas se comportem como verdadeiros
seres vivos. Confesso também, que nesta altura do campeonato, não
sei se existirão outro tipo de alternativas.
Nesse sentido, o sistema nervoso desse tipo de organizações,
só pode ter uma lógica que é a Rede.
Neste tipo de análise, não foi, nem é a Net que determina
o seu aparecimento, nem esta nova lógica, mas ela surge como uma
consequência natural de vários tipos de necessidades, de
vários tipos de pressões do mundo real.
Suzanne Langer, já tinha razão quando previa que a evolução
se daria da coisa para o símbolo, do símbolo para a linguagem,
da linguagem para a comunicação e da comunicação
para a rede. A Rede surge assim como inevitável ! É assim,
porque ela é a única estrutura que aceita falhas e erros
de pequena dimensão para evitar erros maiores, é o campo
ideal para a aprendizagem, para a adaptação, para a evolução.
A Rede é a única estrutura capaz de crescimento e aprendizagem
sem limites. Todas as restantes estruturas são limitadas e funcionam
segundo processos anti-naturais.
Há quem defenda, que algumas das muitas razões, porque falhou
esta primeira onda da Nova Economia, foi exactamente porque esta incapacidade
de mudar o paradigma comportamental da empresa máquina para a empresa
inteligente e tudo isso, apenas por uma espécie de neurose do poder.
Um outro facto adicional, teria também a ver com o esquecimento,
de que a nova dinâmica biológica não gosta de revoluções
e vai requerendo, á medida que cresce, doses acrescidas de confiança
( trust ), o que também não aconteceu.
A nova lógica da Rede, nesta segunda vaga, deve por isso ser progressiva
e sem o preconceito da causa/efeito. É preciso aprender, porque
só se vão obter resultados através de uma lógica
de construção, passo a passo.
Ninguém pode ignorar também, que uma das principais características
da Rede é a sua ausência de controlo, uma vez que a inteligência
é distribuída, as ligações são flexíveis,
com grandes graus de liberdade e onde se formam campos de experimentação
total.
É neste ponto do campo experimental, que reside um dos aspectos
mais importantes, quando falamos em gestão de recursos humanos
dentro desta nova lógica.
Devemos ter consciência, de que a verdadeira e grande mudança,
pode situar-se á volta da alteração de um tipo de
linguagem, que por si só, vai mudar completamente o quadro das
relações existentes. Estamos a sair de uma linguagem escrita,
falada, ou mesmo audiovisual, mas relativamente passiva, para uma linguagem
que é intensamente emocional e mais humana, porque resulta de uma
relação que se baseia na experiência e nas vivências
das pessoas.
Ao contrário do que se vem dizendo, as relações na
Rede são mais humanizadas do que as relações interpessoais
actualmente existentes dentro das organizações, porque acontecem
num espaço de liberdade, sem medo de erros, sem censura e são
experimentadas, vividas, sentidas, por isso são emocionais.
Isto não acontece nas relações existentes nas empresas
máquina, onde como se disse, a neurose do poder domina todo o ambiente.
A nova lógica, quer com os produtos, quer com os serviços,
quer com os restantes conteúdos, terá assim uma linguagem
que é experienciada, que ocorrerá num espaço e num
tempo de relação, eles mesmo se traduzirão numa relação,
onde tudo são atitudes e não discursos.
A compra de um serviço, ou qualquer outra decisão, vai basear-se
muito mais na percepção do valor que cada um sente ganhar,
do que em qualquer outra variável. Mas essa percepção
do valor, será sempre o resultado do conjunto das relações
que se vierem a operar, entre, por exemplo, este Portal do Expresso e
o universo dos seus utilizadores.
A primeira grande vantagem do Expresso, é o seu actual activo de
confiança, adivinhando-se por isso um bom começo. Mas o
sucesso futuro, vai basear-se mais no tipo de relações emocionais
e de vivências gratificantes que venha a proporcionar ao mundo dos
seus clientes.
Parabéns ao Expresso e muitas felicidades
Jorge Marques
Presidente da APG
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