Quando se fala de técnicas
de procura de emprego, Ana Loya, consultora na Hay Selecção,
é taxativa: "técnicas milagrosas não há".
É no entanto possível seguir uma procura organizada e tirar
o maior partido possível da eficácia desta.
Segundo Élia Moura, coordenadora da direcção de comunicação
do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP),
a "procura de emprego deve ser encarada como um trabalho a tempo
inteiro, despendendo nela o mesmo número de horas que passaria
a trabalhar se estivesse empregado".
A coordenadora lembra ainda que as técnicas de procura são
basicamente iguais em todos os casos - a direcção dessa
procura é que deve ser diferenciada. Há que pensar nas fontes
adequadas e pesquisar nos locais certos para melhor orientar a pesquisa.
Vários especialistas defendem que comportamentos básicos
como responder imediatamente aos anúncios dos jornais podem fazer
a diferença entre uma entrevista de emprego ou uma rejeição
imediata. Ser-se rápido e activo é fundamental para o sucesso.
Estudos revelam que o mercado de trabalho deve ser analisado e diferenciado,
para se agir de acordo com as circunstâncias próprias de
cada oferta.
O currículo deve ser adaptado a cada emprego a que se candidata,
focalizado no que a função pede. Sem ser muito extenso deve
ter toda a informação pertinente e os elementos que acrescentem
valor à candidatura.
Para além da pesquisa clássica nos anúncios de emprego
dos jornais há que estar atento a muitas outras fontes. Ana Loya
lembra que "a Internet, por exemplo, é hoje um veículo
de informação muito eficaz na caça de um posto de
trabalho". Aproveite também a sua rede de relações
para conseguir um acesso mais amplo às ofertas existentes.
A entrevista é referida pelos especialistas como outro momento
importante da procura. Deve ser preparada com todo o cuidado.
Uma procura longa pode ser desmotivante e stressante, o que compromete
as procuras futuras. De acordo com Élia Moura "a atitude
do candidato deve ser sempre activa e positiva".
Caso não saiba os passos a seguir, o leitor interessado pode requisitar
no IEFP o guia prático ou o CD-Rom "Como Procurar Emprego",
frequentar uma acção de formação sobre esta
temática num Centro de Emprego, ou ainda consultar a extensa informação
existente na Internet sobre este assunto (grande parte da qual aqui mesmo
no sítio ExpressoEmprego.pt).
Logo abaixo, o ExpressoEmprego.pt deixa algumas dicas para duas das camadas
da população mais afectadas pela crise laboral: os jovens
licenciados e os trabalhadores com mais de 40 anos de idade.
Jovens
Licenciados: apostar na antecipação
Os recém licenciados têm especial dificuldade em entrar no
mercado de trabalho. Prova disso é a actual taxa de desemprego
deste segmento qualificacional que, segundo as últimas estatísticas
do INE, se situa nos 6,2%.
Vítor Andrade, editor do Caderno Emprego, refere que "para
quem cria emprego, o requisito "licenciatura" é cada
vez menos relevante". A falta de experiência profissional
pode ser um entrave importante para a aceitação destes jovens
por parte das empresas.
Para além disso, esta população carece geralmente
de contactos que a permita introduzir-se mais facilmente no mercado. Por
sua vez, também não têm ainda grande noção
de como funciona o mundo profissional nem de como orientar a sua pesquisa.
Há no entanto algumas técnicas que se podem aplicar de forma
a tornar mais eficaz essa procura:
Começar
a preparação para o mercado de trabalho antes da conclusão
do ensino superior.
É muito importante começar a pensar no assunto com antecedência
de forma a ir enriquecendo o currículo antes de iniciar a procura
de emprego.
As actividades extra-curriculares realizadas dar exemplos , as experiências
profissionais em tempo de férias, os trabalhos de voluntariado,
os estágios, ou a frequência de programas no estrangeiro
- como o projecto "Erasmus" - são valorizados pelas empresas
e servem para criar diferenciação entre os candidatos.
Se a formação académica já está concluída
há ainda vários caminhos a seguir:
Diferenciar
os mercados de trabalho alvo.
Convém realizar uma pesquisa do mercado de forma a conhecê-lo,
diferenciá-lo, fazer o rastreio do que interessa realmente e canalizar
a procura com maior eficácia.
Estar
muito atento às oportunidades que vão aparecendo.
Ler todos os dias os anúncios de emprego dos jornais, fazer pesquisas
e inscrever-se nos vários portais de emprego da Internet podem
ser os primeiros passos para uma entrevista.
Há também muitas ofertas que não são publicadas
nos media e que só estando muito atento a conversas ou a folhetos
distribuídos é que se tem conhecimento delas.
Procurar
ajuda nas Associações de Estudantes, escolas e professores.
Estes podem ser contactos importantes para direccionar a procura. Dê
a conhecer à sua rede de contactos as suas intenções
e não hesite em pedir ajuda, de outra forma ninguém vai
adivinhar que está à procura de emprego e não vão
avisá-lo das oportunidades.
Ser
dinâmico.
Pesquisar muito, responder a anúncios e entregar o currículo
nas empresas a propor os seus serviços.
Ser
persistente, paciente e humilde.
Não vale a pena desmoralizar com o primeiro "não".
A procura ainda está no início e há que ter paciência
até a oportunidade chegar.
Por vezes os recém-licenciados procuram logo no princípio
metas demasiado altas. Seja realista na procura e não persiga logo
o emprego da sua vida. Por vezes é preciso começar por baixo
até a grande oportunidade surgir.
Conseguiu finalmente uma entrevista? Já não falta tudo.
Nas entrevistas, para além da boa apresentação e
pontualidade, é especialmente importante ser um bom comunicador,
que saiba falar. Não esquecer nunca que é também
fundamental saber ouvir.
Da
crise dos 40 à conquista da independência
A pessoas desta faixa etária que se vêem no desemprego têm
dificuldades acrescidas. Muitas empresas colocam barreiras à oferta
de emprego aos candidatos de idade mais avançada, em especial quando
estes têm pouca formação, sendo menos competitivos num
mercado de trabalho cada vez mais agressivo.
Aliado a este desinteresse generalizado por parte dos empregadores está
o facto destas pessoas terem geralmente responsabilidades acrescidas (filhos,
conjugues, dívidas fixas), o que torna o desemprego num problema
social ainda mais grave.
Há no entanto técnicas que podem ser úteis na procura
do emprego desejado:
Uma
auto-avaliação crítica e objectiva.
Em primeiro lugar o candidato tem de perceber o que quer fazer, o que pode
fazer, quais as suas capacidades e quais os seus pontos fracos.
Fazer
uma boa prospecção do mercado de trabalho.
É importante ter uma visão ampla de tudo o que existe e ao
que se pode e quer candidatar.
Responder
aos anúncios de emprego mesmo quando estes têm limite de idade,
desde que as restantes qualificações e perfil se adeqúem
ao que é exigido pela empresa.
Não feche o seu leque de procura, arrisque, envie o seu currículo
e convença o empregador de que é a pessoa certa para o posto
de trabalho disponível
Não
ficar inactivo. Apostar na formação complementar.
No tempo livre que tem na fase de procura de emprego aproveite para ganhar
conhecimentos e desenvolver competências que o tornem mais competitivo.
Pensar
no motivo porque o mercado o pretende excluir.
É importante identificar os interesses actuais do mercado e adquirir
os saberes que lhe possam faltar.
Tire
partido das suas mais-valias.
A experiência profissional é muito valorizada e uma rede de
contactos profissionais importante é a chave para a obtenção
de muitos empregos.
Rentabilize
a sua rede de relações.
Aproveite os seus contactos para conseguir acesso a mais propostas de emprego.
O candidato nunca se deve isolar. Publicite também o seu trabalho.
Proponha-se
às empresas.
Não se limite a responder aos anúncios. Mostre-se dinâmico.
Não
desanimar, ter confiança nas suas capacidades e aprender com a rejeição.
Em caso de falha tente perceber o que correu mal para corrigir e conseguir
um emprego na oportunidade seguinte.
Criar
o seu negócio próprio.
Por vezes esta é a melhor solução para quem tem que
começar de novo. Investir num negócio próprio e começar
a trabalhar para si pode ser a chave do sucesso. Esta pode ser a melhor
solução para pessoas dinâmicas e que gostam de arriscar
para manter o nível de vida a que se habituaram.
Ana Bentes Bravo