Carreiras

Barómetro RH - Rémy de Cazalet



01.01.2000



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Rémy de Cazalet
Michael Page Internacional



Desde a década de 80 que o mercado de emprego assumiu um carácter global, estando frágil a características da conjuntura que, até há pouco tempo, pareciam distantes. A economia de mercado conduz à deslocalização da produção e serviços devido ao custo da mão-de-obra, influenciando desta forma a força laboral em Portugal, não por emigração ou imigração, mas por importação de produtos acabados.


Estes factores levam à necessidade de criar flexibilidade contratual, acabando com a ideia de um emprego para a vida e orientando, desta forma, os nossos trabalhadores numa procura constante por desenvolvimento académico e profissional e forçando as empresas a apostarem na formação contínua.

Se olharmos para um mercado cada vez mais liberal na circulação de capital humano, torna-se vital criar uma clara diferenciação competitiva para os trabalhadores portugueses que impeça uma estagnação profissional que, por norma, resulta em desemprego de longa duração. A falta de flexibilidade, tanto contratual, como de mentalidade dos trabalhadores relativamente a conceitos como Interim Management ou Trabalho Temporário, criam grandes retrocessos no processo de prevenção e absorção profissional de desempregados de longa duração.

Existe uma dualidade patente no mercado nacional, que resulta na antítese entre desemprego de longa duração e falta de quadros especializados, só solucionável com uma forte mudança na legislação e no ensino em Portugal.

A grande maioria de desempregados de longa duração são profissionais com perfil não qualificado ou já com uma elevada faixa etária, tornando-se necessário potenciar o investimento directo estrangeiro e a flexibilidade contratual que permita acreditar que existe emprego para profissionais com mais de 40 anos, ou sem a capacidade técnica que aumente o seu valor de mercado.

Uma outra questão prende-se com a vertente motivacional de um candidato desempregado de longa duração, onde verificamos um descrédito relativamente ao seu valor num processo de selecção, diminuindo assim o poder de argumentação face a um candidato actualmente empregado. Se, a este facto, juntarmos a clara preferência das empresas relativamente a candidatos que não estejam desempregados, cria-se um claro círculo vicioso e desesperante para os desempregados de longa duração.

A forma de combater esta percepção do candidato, passa por programas activos de inserção que lhes desenvolvam as competências comportamentais ao invés de se apostar apenas em formação profissional, muitas vezes desadequada à realidade do mercado nacional. Uma outra estratégia seria criar subsídios de incentivo ao recrutamento de desempregados de longa duração, de modo a que a integração profissional acompanhada de formação profissional contínua levasse novamente à criação de competitividade do lado do candidato.

Portugal deve aprender com outros mercados cujo nível de maturidade já levou à identificação e, em alguns casos, resolução deste problema, aproveitando-o inclusive para criar um aumento na competitividade do próprio mercado.






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