Carreiras

Barómetro RH - Ana Loya



01.01.2000



  PARTILHAR




Ana Loya
Administradora e directora-geral da Ray Human Capital


Os dados sobre o desemprego de longa duração em Portugal são desanimadores. De 2002 para 2006, os dados oficias subiram de 37,6% para 52,1%. A manter-se a tendência os dados de 2007 deverão ser superiores. Nestas percentagens, não se distingue a formação, a idade, a qualificação. Basta ser desempregado de longa duração! Em termos superlativos, é MAU. Na minha opinião há aqui um pensamento/acção circular que se mostra apenas economicista e não social . Economicista porque, sabemos que há deslocalização de empresas multinacionais para outros países sem a criação de postos de trabalho alternativos. Economicista porque, do ponto de vista da rentabilidade das organizações, qualquer percentagem (2% ou 50%) não fala de pessoas mas sim de números. As Teorias das Organizações dos últimos anos faziam prever uma sociedade com mais qualidade de vida: horários reduzidos, mais emprego, reformas antecipadas. Era a “salvação tecnológica”.


A pescadinha de rabo na boca é sempre a mesma: os postos de trabalho extinguem-se. A grande maioria dos trabalhadores disponíveis é pouco qualificada e com idades elevadas para outra profissão ou idades baixas em termos de anos de trabalho pela frente. Não têm, portanto, grandes alternativas.

As previsões pessimistas dizem que, talvez, daqui a uns anos não haja dinheiro para pagar reformas a pessoas que descontaram toda a vida. É bem possível, porque uma grande parte dos 52% da população potencialmente activa está a receber Subsídios de Desemprego. Acresce a isto que o pagamento dos subsídios tem um tempo limite. Ora, sem subsídio e sem emprego, não é preciso ser profeta para imaginar o nível social de um país, onde cada vez mais gente pode ficar na pobreza e em desânimo.

Nós os Portugueses sempre padecemos do trauma do curto-prazo. É traço. Mesmo na época áurea dos descobrimentos só enriquecemos a curto prazo. Ouro e especiarias passaram por cá, permitindo seguramente pequenas grandes fortunas, mas não ficaram por cá. O nosso património mostra isso.

É seguramente bom e prestigiante a preocupação que temos com a Presidência Europeia. Mas seria mesmo bom que aqueles que foram escolhidos para ajudar este país a crescer (não é esse o papel do Governo e dos outros órgãos eleitos?) e que se sentem legitimamente endossados para o fazer conforme pensam ser melhor, pudessem parar para pensar. Olhar para a pescadinha e tentar inverter o circuito e o sentido com que ela “morde” a retaguarda. Um país que não se preocupa com as pessoas tem poucas possibilidades de chegar saudável ao estado adulto.






DEIXE O SEU COMENTÁRIO





ÚLTIMOS EMPREGOS