Pedro Passas da Cunha
Ray Human Capital
Na perspectiva de uma empresa de recrutamento e selecção de quadros médios e superiores, é frequente avaliar jovens recém-licenciados que nos comunicam as suas dificuldades de abordagem ao mercado de trabalho. Quase sempre estão na origem factores que se prendem com o desfasamento curricular dos cursos e a falta de notoriedade das universidades junto das empresas. De facto, e desde sempre, as empresas que sazonalmente recrutam estes perfis, exigem que as habilitações académicas dos candidatos sejam de um grupo de universidades de elite.
No próximo ano lectivo serão abertas 130 mil vagas para a via profissionalizante do ensino nacional (mais 50 mil do que em anos anteriores), um facto louvável que reflecte um maior enquadramento entre a oferta e a procura do mercado de trabalho. Para que a taxa de desemprego não continue a registar valores elevados, é também benéfico que o número de vagas em cada curso acompanhe as reais capacidades do mercado de trabalho, permitindo um maior equilíbrio entre as saídas profissionais existentes e as expectativas dos jovens recém-licenciados.
Com o objectivo de tornar a aproximação à vida activa numa etapa mais gratificante no percurso de um jovem, torna-se essencial que as Universidades reforcem protocolos com entidades empresariais, de modo a garantir a existência de programas de «trainees». A perspectiva de conceber programas de acompanhamento e integração numa futura carreira profissional, contribuirá para a profissionalização do ensino, como também para a convergência entre as exigências do mundo empresarial e as expectativas e competências dos jovens recém-licenciados. Do mesmo modo, é fundamental que o corpo docente seja constituído por profissionais com background em ambientes empresariais, nacionais ou multinacionais, e que partilhem as suas experiências reais em salas de aula, não descurando a interactividade nestes contextos por parte dos alunos.