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A era do líder sóbrio e espiritual



01.01.2000



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A era do líder sóbrio e espiritual

Liderar uma empresa pode ser mais que um trabalho: pode ser uma missão. Um estilo de liderança mais voltado para a espiritualidade e o humanismo começa a tornar-se tendência nas empresas. Cada vez mais gestores e até organizações como um todo consideram qualidades como maturidade, realismo e sabedoria tão importantes para os seus líderes quanto a ambição e vontade de produzir. Algumas organizações concluíram que não se pode ser inovador e eficiente quando se é escravo das próprias emoções, e que espíritos criativos devem ser domados com as rédeas da sabedoria e disciplina.

A inquietude e a paixão característica da juventude dos líderes da primeira década da Nova Economia ainda constituem a linha de liderança perseguida pelas grandes empresas. Mas em tempos de incertezas económicas e de fundos financeiros escassos, ninguém deve subestimar a importância de se combinar a paixão com a paciência e o auto-conhecimento.

"É preciso saber guiar-se antes de guiar os outros", afirma Anselm Grün. Frei beneditino alemão responsável pela supervisão de vinte companhias desta ordem, Grün acrescenta que "apenas o indivíduo capaz de encontrar a paz dentro de si e em Deus, pode gerar uma atmosfera de paz ao seu redor, promovendo o bem-estar e o prazer no trabalho". Os livros daquele religioso são um êxito entre os CEO's alemães, um público cada vez mais consciente do poder destes ensinamentos para uma gestão equilibrada das empresas.

Esta nova forma de gestão busca lições em ensinamentos religiosos, mas não está ligada a religiões ou actividades dessa ordem. O conceito de espiritualidade é aplicado de forma a que as pessoas descubram em si mesmas a felicidade de ser e produzir, encontrando no prazer e realização uma razão maior para o trabalho do que a sobrevivência.

Ao aliar valores clássicos - como a disciplina e persistência - aos valores espirituais, os novos líderes constróem um estilo de liderança mais pessoal e humano, que promove o bem-estar e que tem por consequência maior produtividade de seus funcionários.

Uma fonte de inspiração para os novos líderes são os livros e seminários para executivos do clérigo norte-americano Matthew Fox, criador e director da "University of Creation Spirituality". Em seu livro " The Reinvention of Work - A New Vision of Livelihood for Our Time", aquele autor afirma que a reconstrução da qualidade de vida no local de trabalho também contribuirá para uma nova distribuição da quantidade de trabalho por empregado: "quando os funcionários integram a espiritualidade aos seus valores, à sua criatividade e ao seu trabalho, sobrecarregar os empregados com tarefas e exceder-se na quantidade de horas de trabalho não farão mais sentido, cedendo lugar a uma divisão de tarefas mais equilibrada."

Cristina Parga






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