Carreiras

-Augusto Lobato Neves



01.01.2000



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"O compromisso emocional tem de estar sempre presente na gestão de recursos humanos"

Augusto Lobato Neves, Director Executivo da "Recursos Humanos Magazine" fala-nos dos objectivos do Fórum R.H., do panorama actual da área e do que ainda falta fazer em Portugal na gestão de recursos humanos.

Porquê a escolha deste tema (O estado da arte da gestão de pessoas) para o Fórum?
O Fórum é um espaço de encontro e de diálogo entre pessoas profissionais desta área. O estado da arte é aquilo que de mais inovador e de mais actual se passa no domínio da gestão das pessoas.

E o que é que acha que este fórum pode trazer de novo ao panorama dos Recursos Humanos?
Digamos que pontos de vista perfeitamente inovadores que por vezes não estão equacionados. Este fórum, apesar de ser sobre Recursos Humanos, não tem contributos exclusivamente de profissionais da área. Sendo a gestão de recursos humanos multidisciplinar estão aqui presentes pessoas com formações diversificadas, experiências diversificadas. É o ponto de vista de um conjunto de pessoas que têm um papel estratégico dentro das organizações. É esta a vertente essencial que se procura estabelecer. A gestão dos recursos humanos está a ser alterada na sua concepção, na sua prática, no sentido de deixar de ser uma função meramente técnica para ser uma função estratégica.

E em Portugal o que é que acha que está mal e o que é que está bem na área dos R.H.?
O que está mal passa pelo facto de se sobrevalorizar a área dos recursos humanos. Isto é, ao nível do discurso parece que está tudo bem, mas não está. Se ouvir um gestor, um administrador ou um presidente de uma empresa, eles vão dizer que o factor crítico de sucesso é a componente humana. Isto é um discurso muito bonito, mas na prática não é isso que se passa. Muitas vezes acontece que as pessoas são encaradas como uma chatice. A questão é que todos os gestores são gestores de recursos humanos e não só os profissionais da área. A maior da parte do tempo dispendido por um gestor de outra área, é aplicado a resolver problemas de gestão de recursos humanos. E por vezes isso cria-lhes alguns problemas na gestão do seu tempo de trabalho e acabam por remeter para o departamento de recursos humanos assuntos que deveriam ser tratados por eles. O papel do departamento de recursos humanos é o de ser um órgão de assessoria técnica, de aconselhamento e de concepção das estratégias ao mais alto nível.

E o que é que deveria ser feito para alterar esse panorama?
Eu acho que, basicamente, temos que passar das palavras aos actos. O contributo das pessoas que são gestores de recursos humanos muitas vezes não é visível e dai que o valor dos recursos humanos seja desvalorizado. A gestão de recursos humanos tem de mostrar a sua mais valia para o resultado final da empresa. Isso parece claro quando estes serviços são prestados em regime de "outsourcing". A gestão de recursos humanos aparece num plano, muitas vezes, subsidiário, quando na realidade devia ser a mais importante. O marketing, a área financeira ou a de produção só podem ser realmente eficazes se a gestão de recursos humanos funcionar eficazmente. A questão fundamental é esta: o que é que o departamento de recursos humanos deve fazer? Fundamentalmente gerir motivações. E o que motiva uns não motiva outros. E as pessoas não são todas iguais. A forma de comunicar, a forma de liderar tem de ser feita caso a caso, pessoa a pessoa. Em termos de gestão de recursos humanos cada vez mais o enfoque tem de ser feito na pessoa e não em grupos ou departamentos. Cada vez tem de haver mais uma "approach" individual a cada elemento. Saber quais são as suas motivações, quais são as suas necessidades de desenvolvimento, o que é que esperam da empresa. É o tal compromisso emocional que tem de estar sempre presente na gestão de recursos humanos

SW












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