"O compromisso emocional tem de estar sempre presente
na gestão de recursos humanos"
Augusto Lobato Neves, Director Executivo da
"Recursos Humanos Magazine" fala-nos dos objectivos do Fórum
R.H., do panorama actual da área e do que ainda falta fazer em
Portugal na gestão de recursos humanos.
Porquê a escolha deste tema (O estado
da arte da gestão de pessoas) para o Fórum?
O Fórum é um espaço
de encontro e de diálogo entre pessoas profissionais desta área.
O estado da arte é aquilo que de mais inovador e de mais actual
se passa no domínio da gestão das pessoas.
E o que é que acha que este fórum
pode trazer de novo ao panorama dos Recursos Humanos?
Digamos que pontos de vista perfeitamente inovadores que por vezes não
estão equacionados. Este fórum, apesar de ser sobre Recursos
Humanos, não tem contributos exclusivamente de profissionais da
área. Sendo a gestão de recursos humanos multidisciplinar
estão aqui presentes pessoas com formações diversificadas,
experiências diversificadas. É o ponto de vista de um conjunto
de pessoas que têm um papel estratégico dentro das organizações.
É esta a vertente essencial que se procura estabelecer. A gestão
dos recursos humanos está a ser alterada na sua concepção,
na sua prática, no sentido de deixar de ser uma função
meramente técnica para ser uma função estratégica.
E em Portugal o que é que acha que está
mal e o que é que está bem na área dos R.H.?
O que está mal passa pelo facto de se sobrevalorizar a área
dos recursos humanos. Isto é, ao nível do discurso parece
que está tudo bem, mas não está. Se ouvir um gestor,
um administrador ou um presidente de uma empresa, eles vão dizer
que o factor crítico de sucesso é a componente humana. Isto
é um discurso muito bonito, mas na prática não é
isso que se passa. Muitas vezes acontece que as pessoas são encaradas
como uma chatice. A questão é que todos os gestores são
gestores de recursos humanos e não só os profissionais da
área. A maior da parte do tempo dispendido por um gestor de outra
área, é aplicado a resolver problemas de gestão de
recursos humanos. E por vezes isso cria-lhes alguns problemas na gestão
do seu tempo de trabalho e acabam por remeter para o departamento de recursos
humanos assuntos que deveriam ser tratados por eles. O papel do departamento
de recursos humanos é o de ser um órgão de assessoria
técnica, de aconselhamento e de concepção das estratégias
ao mais alto nível.
E o que é que deveria ser feito para
alterar esse panorama?
Eu acho que, basicamente, temos que passar das palavras aos actos. O contributo
das pessoas que são gestores de recursos humanos muitas vezes não
é visível e dai que o valor dos recursos humanos seja desvalorizado.
A gestão de recursos humanos tem de mostrar a sua mais valia para
o resultado final da empresa. Isso parece claro quando estes serviços
são prestados em regime de "outsourcing". A gestão
de recursos humanos aparece num plano, muitas vezes, subsidiário,
quando na realidade devia ser a mais importante. O marketing, a área
financeira ou a de produção só podem ser realmente
eficazes se a gestão de recursos humanos funcionar eficazmente.
A questão fundamental é esta: o que é que o departamento
de recursos humanos deve fazer? Fundamentalmente gerir motivações.
E o que motiva uns não motiva outros. E as pessoas não são
todas iguais. A forma de comunicar, a forma de liderar tem de ser feita
caso a caso, pessoa a pessoa. Em termos de gestão de recursos humanos
cada vez mais o enfoque tem de ser feito na pessoa e não em grupos
ou departamentos. Cada vez tem de haver mais uma "approach"
individual a cada elemento. Saber quais são as suas motivações,
quais são as suas necessidades de desenvolvimento, o que é
que esperam da empresa. É o tal compromisso emocional que tem de
estar sempre presente na gestão de recursos humanos
SW