Uma imagem que vale mil palavras
Ricardo Figueiredo começou por
ser o relações públicas mais novo, aos 25 anos
já promovia as marcas de luxo Anna Molinnari e Louis Vuitton,
mas não só. É director geral de uma agência
de comunicação e relações públicas
e já fez inúmeros lançamentos e eventos que
lançaram marcas pouco conhecidas na ribalta.
Aos 30 anos tem atrás de si uma carreira bem sucedida que
construiu com o mesmo cuidado com que envolve cada detalhe de um
evento. A sua principal preocupação é ser eficiente
e ver os resultados da promoção de uma marca transparecerem
nas vendas.
Tirou o curso de Relações Públicas?
Não. Tirei o curso de Gestão e Administração
de Empresas, mas as cadeiras que eu gostei mais foram as de marketing.
Dentro do marketing tive noções de relações
públicas. Mas eu não sonhava seguir essa carreira.
Foi um acaso.
Qual foi o seu primeiro emprego?
Numa agência de publicidade, era account. Entretanto fiz também
uns trabalhos de fotografia e de moda..
O que é que o levou a seguir este
percurso profissional, sentiu que era a sua vocação
ou foi mais influenciado por a sua mãe star ligada à
moda?
Surgiu a oportunidade de agarrar esta carreira e aproveitei porque
já tinha noções do que é que eram as
relações públicas, através da minha
mãe. Estive um bocadinho na retaguarda da minha mãe,
segui de perto as acções que ela realizava, na altura
que ela estava bastante activa como criadora de moda eu participava
nos projectos dela. Ia aos desfiles e eventos nacionais e internacionais.
Era um observador muito atento. Conhecia o meio e os jornalistas.
Reunia todas as condições necessárias para
desenvolver essa carreira.
E como é que surgiu o contacto com
as grandes marcas de luxo?
Um grande amigo meu, director de uma revista, foi convidado para
ser relações públicas de várias marcas
e chamou-me para trabalhar. Ele achava o projecto muito interessante,
mas como estava saturado da parte de relações públicas
decidiu que ia fechar a empresa. Eu achei que era uma pena porque
eu gostava imenso de trabalhar com aquelas marcas e então
fiquei no lugar dele. Comecei com quatro marcas a Anna Molinnari,
a BluMarine, a Mulbury e a Louis Vuitton três meses depois.
Comecei precisamente há cinco anos atrás a minha carreira.
Há abertura no mercado português às marcas de
luxo ou é difícil convencer a clientela a adquirir
esses produtos?
Muita gente compra, cada vez mais. Há muitos compradores
jovens, que são os mais afectados pelo fenómeno "fashion
victim". Têm um sonho e estão anos para o realizar
e depois finalmente juntam um bocadinho de dinheiro e compram. Porque
uma pessoa não vai comprar só uma mala, um vestido
é um conjunto completo de coisas. Entrar numa loja de luxo,
ter um atendimento personalizado, escolher e depois ter uma embalagem
fantástica e um produto que as pessoas reconhecem.
Quando abre uma loja da marca em Portugal qual é a sua
função?
Desde os convites, à preparação dessa abertura.
Faço muitas aberturas de lojas, contacto os opinions leaders
e os famosos, para que seja noticiada em quantidade, para que a
marca seja falada.
Está associado à representação
de marcas de luxo, mas já foi Relações Públicas
de empresas ou seguiu sempre este percurso?
Trabalhei com uma marca de acessórios de moda, a Fun and
Basics, que há um ano atrás não tinha uma notícia
na imprensa. Agora tem resultados diários.
Faço diversos eventos e promoções de imagem
desde a apresentação de um simples creme ou sabonete.
Pode ser só um almoço de imprensa para testarem ou
terem conhecimento do novo produto ou um coktail. Cada caso é
estudado, tenho de ponderar como é que vou lançar
o produto, isso faz parte da estratégia. Imagine que é
um vinho do Porto novo, pode implicar que eu leve um conjunto de
jornalistas a passar um fim-de-semana na Régua e fazer esse
lançamento num barco.
Foi difícil afirmar-se como R.P no estrangeiro?
Cá também não foi fácil porque comecei
muito novo. Tinha 25 anos e até me verem a trabalhar olhavam-me
como um miúdo.
O que é a Press Club?
É uma Agência de Comunicação e Relações
Públicas. É uma empresa pequena que faz o seu trabalho
bem, com muitos bons resultados para a empresa e os seus clientes.
Os projectos que aceitamos fazemos bem e são os nossos clientes
que divulgam o nosso trabalho. Nunca fizemos publicidade à
nossa empresa. São os nossos clientes e os jornalistas que
recomendam a Press Club.
Quando é que criou a Press Club?
Há cinco anos.
É muito selectivo na escolha das marcas/produtos
para promover?
Sou. Não faço um evento em que me dizem que é
só para convidar as pessoas, eu não gosto de aceitar
esse tipo de projectos. Não vou convidar ninguém se
não controlar a luz, o catering, o sítio, todas esses
pormenores. Tem a ver com a maturidade que se adquire ao longo dos
anos. No início aceitava mais lançamentos do que agora.
Tem a ver com a gestão da minha carreira, do meu sucesso.
Aceito o projecto quando me agrada. É muito importante que
eu me sinta à vontade para fazer alguma coisa para obter
resultados.
Qual é o contributo de um relações
públicas numa empresa?
Cada vez mais há relações públicas
profissionais com resultados nas empresas muito superiores, às
vezes, a acções de publicidade. Se uma empresa tiver
muito dinheiro para investir numa campanha de publicidade vai ter
bons resultados, mas se tiver pouco dinheiro para investir em publicidade
é preferível que invista em acções de
relações públicas, com muito mais resultados
e mais abrangentes.
Há diferentes tipos de relações
públicas internos e externos à empresa?
Sim depende do produto, da dimensão da empresa e os públicos
a que se dirigem. Muitas vezes às multinacionais compensa-lhes
não ter o relações públicas dentro da
empresa, fica-lhes muito mais barato contratar um exterior. Às
vezes o relações públicas exterior tem outro
peso noutras marcas. Os relações públicas que
trabalham com várias marcas têm mais facilidade do
que os internos porque têm uma visão mais alargada
do mercado e dos meios de comunicação.
Qual é o perfil adequado de um relações
públicas?
Um relações públicas tem de saber muito
bem qual é público alvo que pretende atingir consoante
o evento. No fundo, o objectivo das relações públicas
numa organização é promover uma boa imagem
para os públicos-alvo.
Tem que saber escrever bem, ser comunicativo, bem educado, humilde
e tem de estar à altura dos desafios diários que lhes
são exigidos.
Ter uma boa imagem ajuda, mas não é obrigatório.
Tem de ser eficiente e bom profissional. É preciso estar
atento a todos os detalhes, é isso que faz a diferença
entre um bom relações públicas e um relações
públicas que tem um curso. Não vem nas definições
dos livros é algo que se aprende com a prática.
Uma das características fundamentais é comunicar na
altura certa com o produto certo. Éfundamental saber antecipar
as coisas, é preciso saber o que os jornalistas andam a fazer.
A pessoa tem de ser muito ponderada e pensar que as marca que está
a promover têm de ter resultados nas lojas. É quando
o resultado aparece que fico 10o por cento satisfeito.
Dentro das várias marcas com que trabalha qual é
a marca que tem mais peso?
O projecto mais interessante é o trabalho com a Louis
Vuitton, o maior grupo de luxo do mundo. Um trabalho com desafios
diários. Há sempre um lançamento de um novo
produto e projectos dentro da mesma marca que nós temos de
comunicar. Tem sido assim ao longo de cinco anos. A velocidade e
o tipo de negócio é um estímulo diário.
É um exemplo que devia ser visto pelas outras marcas porque
tem resultados muito bons. As coisas são bem feitas atingem
o público-alvo e os jornalistas.
Enquanto relações públicas quais são
as responsabilidades que tem a seu cargo?
Faço a estratégia da marca no país em termos
de comunicação e posso dar também a minha opinião
ao nível comercial. Sobretudo trato da estratégia
de imagem da marca, faço assessoria de imprensa e organizo
todos os eventos que são necessários para promovê-la.
Organizo os eventos todos, desde o planeamento local até
ao pormenor da cor dos guardanapos ou a cor dos aventais dos empregados.
Tudo isso é planeado por mim e também toda a parte
de "showrom". Os jornalistas que fazem produções
de moda precisam sempre de produtos e nós temos de estar
sempre em contacto permanente com eles. Temos de ter os produtos
dos nossos clientes acessíveis a todos esses jornalistas.
Relações
Públicas é mesmo a sua vocação?
É, mas falta-me ainda a parte comercial. Estar mais perto
do público-alvo, porque interessa-me muito estar mais perto
dos resultados, das vendas.
Quais são
os seus projectos para o futuro?
Ter mais e melhores clientes com projectos interessantes. Preciso
de ter mais desafios.
CN