Carreiras

- Uma imagem que vale mil palavras



01.01.2000



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Uma imagem que vale mil palavras

Ricardo Figueiredo começou por ser o relações públicas mais novo, aos 25 anos já promovia as marcas de luxo Anna Molinnari e Louis Vuitton, mas não só. É director geral de uma agência de comunicação e relações públicas e já fez inúmeros lançamentos e eventos que lançaram marcas pouco conhecidas na ribalta.



Aos 30 anos tem atrás de si uma carreira bem sucedida que construiu com o mesmo cuidado com que envolve cada detalhe de um evento. A sua principal preocupação é ser eficiente e ver os resultados da promoção de uma marca transparecerem nas vendas.

Tirou o curso de Relações Públicas?
Não. Tirei o curso de Gestão e Administração de Empresas, mas as cadeiras que eu gostei mais foram as de marketing. Dentro do marketing tive noções de relações públicas. Mas eu não sonhava seguir essa carreira. Foi um acaso.


Qual foi o seu primeiro emprego?

Numa agência de publicidade, era account. Entretanto fiz também uns trabalhos de fotografia e de moda..

O que é que o levou a seguir este percurso profissional, sentiu que era a sua vocação ou foi mais influenciado por a sua mãe star ligada à moda?
Surgiu a oportunidade de agarrar esta carreira e aproveitei porque já tinha noções do que é que eram as relações públicas, através da minha mãe. Estive um bocadinho na retaguarda da minha mãe, segui de perto as acções que ela realizava, na altura que ela estava bastante activa como criadora de moda eu participava nos projectos dela. Ia aos desfiles e eventos nacionais e internacionais. Era um observador muito atento. Conhecia o meio e os jornalistas. Reunia todas as condições necessárias para desenvolver essa carreira.

E como é que surgiu o contacto com as grandes marcas de luxo?
Um grande amigo meu, director de uma revista, foi convidado para ser relações públicas de várias marcas e chamou-me para trabalhar. Ele achava o projecto muito interessante, mas como estava saturado da parte de relações públicas decidiu que ia fechar a empresa. Eu achei que era uma pena porque eu gostava imenso de trabalhar com aquelas marcas e então fiquei no lugar dele. Comecei com quatro marcas a Anna Molinnari, a BluMarine, a Mulbury e a Louis Vuitton três meses depois. Comecei precisamente há cinco anos atrás a minha carreira.


Há abertura no mercado português às marcas de luxo ou é difícil convencer a clientela a adquirir esses produtos?
Muita gente compra, cada vez mais. Há muitos compradores jovens, que são os mais afectados pelo fenómeno "fashion victim". Têm um sonho e estão anos para o realizar e depois finalmente juntam um bocadinho de dinheiro e compram. Porque uma pessoa não vai comprar só uma mala, um vestido é um conjunto completo de coisas. Entrar numa loja de luxo, ter um atendimento personalizado, escolher e depois ter uma embalagem fantástica e um produto que as pessoas reconhecem.


Quando abre uma loja da marca em Portugal qual é a sua função?
Desde os convites, à preparação dessa abertura. Faço muitas aberturas de lojas, contacto os opinions leaders e os famosos, para que seja noticiada em quantidade, para que a marca seja falada.

Está associado à representação de marcas de luxo, mas já foi Relações Públicas de empresas ou seguiu sempre este percurso?
Trabalhei com uma marca de acessórios de moda, a Fun and Basics, que há um ano atrás não tinha uma notícia na imprensa. Agora tem resultados diários.
Faço diversos eventos e promoções de imagem desde a apresentação de um simples creme ou sabonete. Pode ser só um almoço de imprensa para testarem ou terem conhecimento do novo produto ou um coktail. Cada caso é estudado, tenho de ponderar como é que vou lançar o produto, isso faz parte da estratégia. Imagine que é um vinho do Porto novo, pode implicar que eu leve um conjunto de jornalistas a passar um fim-de-semana na Régua e fazer esse lançamento num barco.


Foi difícil afirmar-se como R.P no estrangeiro?
Cá também não foi fácil porque comecei muito novo. Tinha 25 anos e até me verem a trabalhar olhavam-me como um miúdo.

O que é a Press Club?
É uma Agência de Comunicação e Relações Públicas. É uma empresa pequena que faz o seu trabalho bem, com muitos bons resultados para a empresa e os seus clientes. Os projectos que aceitamos fazemos bem e são os nossos clientes que divulgam o nosso trabalho. Nunca fizemos publicidade à nossa empresa. São os nossos clientes e os jornalistas que recomendam a Press Club.

Quando é que criou a Press Club?
Há cinco anos.

É muito selectivo na escolha das marcas/produtos para promover?
Sou. Não faço um evento em que me dizem que é só para convidar as pessoas, eu não gosto de aceitar esse tipo de projectos. Não vou convidar ninguém se não controlar a luz, o catering, o sítio, todas esses pormenores. Tem a ver com a maturidade que se adquire ao longo dos anos. No início aceitava mais lançamentos do que agora. Tem a ver com a gestão da minha carreira, do meu sucesso. Aceito o projecto quando me agrada. É muito importante que eu me sinta à vontade para fazer alguma coisa para obter resultados.

Qual é o contributo de um relações públicas numa empresa?
Cada vez mais há relações públicas profissionais com resultados nas empresas muito superiores, às vezes, a acções de publicidade. Se uma empresa tiver muito dinheiro para investir numa campanha de publicidade vai ter bons resultados, mas se tiver pouco dinheiro para investir em publicidade é preferível que invista em acções de relações públicas, com muito mais resultados e mais abrangentes.

Há diferentes tipos de relações públicas internos e externos à empresa?
Sim depende do produto, da dimensão da empresa e os públicos a que se dirigem. Muitas vezes às multinacionais compensa-lhes não ter o relações públicas dentro da empresa, fica-lhes muito mais barato contratar um exterior. Às vezes o relações públicas exterior tem outro peso noutras marcas. Os relações públicas que trabalham com várias marcas têm mais facilidade do que os internos porque têm uma visão mais alargada do mercado e dos meios de comunicação.

Qual é o perfil adequado de um relações públicas?
Um relações públicas tem de saber muito bem qual é público alvo que pretende atingir consoante o evento. No fundo, o objectivo das relações públicas numa organização é promover uma boa imagem para os públicos-alvo.
Tem que saber escrever bem, ser comunicativo, bem educado, humilde e tem de estar à altura dos desafios diários que lhes são exigidos.
Ter uma boa imagem ajuda, mas não é obrigatório. Tem de ser eficiente e bom profissional. É preciso estar atento a todos os detalhes, é isso que faz a diferença entre um bom relações públicas e um relações públicas que tem um curso. Não vem nas definições dos livros é algo que se aprende com a prática.
Uma das características fundamentais é comunicar na altura certa com o produto certo. Éfundamental saber antecipar as coisas, é preciso saber o que os jornalistas andam a fazer. A pessoa tem de ser muito ponderada e pensar que as marca que está a promover têm de ter resultados nas lojas. É quando o resultado aparece que fico 10o por cento satisfeito.


Dentro das várias marcas com que trabalha qual é a marca que tem mais peso?
O projecto mais interessante é o trabalho com a Louis Vuitton, o maior grupo de luxo do mundo. Um trabalho com desafios diários. Há sempre um lançamento de um novo produto e projectos dentro da mesma marca que nós temos de comunicar. Tem sido assim ao longo de cinco anos. A velocidade e o tipo de negócio é um estímulo diário. É um exemplo que devia ser visto pelas outras marcas porque tem resultados muito bons. As coisas são bem feitas atingem o público-alvo e os jornalistas.


Enquanto relações públicas quais são as responsabilidades que tem a seu cargo?
Faço a estratégia da marca no país em termos de comunicação e posso dar também a minha opinião ao nível comercial. Sobretudo trato da estratégia de imagem da marca, faço assessoria de imprensa e organizo todos os eventos que são necessários para promovê-la. Organizo os eventos todos, desde o planeamento local até ao pormenor da cor dos guardanapos ou a cor dos aventais dos empregados. Tudo isso é planeado por mim e também toda a parte de "showrom". Os jornalistas que fazem produções de moda precisam sempre de produtos e nós temos de estar sempre em contacto permanente com eles. Temos de ter os produtos dos nossos clientes acessíveis a todos esses jornalistas.

Relações Públicas é mesmo a sua vocação?
É, mas falta-me ainda a parte comercial. Estar mais perto do público-alvo, porque interessa-me muito estar mais perto dos resultados, das vendas.

Quais são os seus projectos para o futuro?
Ter mais e melhores clientes com projectos interessantes. Preciso de ter mais desafios.


CN

 






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