Carreiras

“O vinho tem ciclos e este é favorável ao vinho verde”

Dora Simões 51 anos, é a nova presidente da CVRVV



16.09.2022



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Quando fala de vinho, Dora Simões usa a palavra Momentum. A nova presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes não tem dúvidas de que “o vinho tem ciclos e este é favorável ao vinho verde”. “Nunca como agora se procurou tantos vinhos brancos, tantos vinhos com castas autóctones, tantos vinhos com frescura natural, tantos vinhos com álcool equilibrado, tantos vinhos genuinamente diferenciados. Se há região que pode atualmente tirar enorme partido das tendências mundiais de consumo é exatamente esta”, sublinha.

Pronta a trabalhar com os produtores para capitalizar “este Momentum”, assim como “O vinho tem ciclos e este é favorável ao vinho verde” Dora Simões 51 anos, é a nova presidente da CVRVV para aproveitar o “movimento inédito de turistas na região” e fidelizar mais consumidores, não esquece, no entanto, os desafios que têm pela frente, da valorização das uvas, dos vinhos e da marca global Vinho Verde, à sustentabilidade.

“É importante termos uma estratégia e um plano sério para a região, dada a importância de preparar os enormes desafios que são as alterações climáticas e o seu impacto nas uvas, nos estilos dos vinhos, no que a região será, sem nunca perder de vista o impacto que isto terá nos negócios hoje existentes do vinho verde”, defende Dora Simões, que nos anos em que trabalhou a sul lançou e desenvolveu o Plano de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo.

Na reação à pressão do clima, a relação com a água ganha relevo: “Temos de utilizar a água da melhor forma possível. Não nos organizámos nos últimos anos e agora temos de ser rápidos neste trabalho”, afirma. No impacto da seca na viticultura, vê um alerta geral: “Se este impacto se nota tanto no vinho, uma cultura pouco exigente em termos de água, será muito maior noutras culturas, mais necessitadas de água”, comenta.

Aberta a novos estilos de vinho e à produção em novas geografias, por força das alterações climáticas, quer ver o sector a adaptar-se a novas tipologias de consumo e a “agarrar novas faixas etárias, muito saltitantes entre produtos no consumo”.

Na sua carreira dedicada ao vinho pesou a decisão de estudar no estrangeiro e o primeiro emprego numa agência de publicidade alemã, onde um dos clientes era a californiana Ernest & Julio Gallo, o maior produtor de vinho do mundo. No regresso a Portugal, descobriu “o gosto de trabalhar para o coletivo”, o que agora significa estar no Porto natal. Lá fora, habituou- se a comer e a cozinhar pratos do mundo, mas continua a ter o bacalhau à Brás entre os favoritos e até partilha “um segredo” de cozinha do chefe José Avillez: “A receita melhora se juntarmos um pouco de água aos ovos.”

 

FORMAÇÃO
Licenciatura em Inglês para Negócios Internacionais na universidade britânica de Central Lancashire

MISSÃO
Envolver as pessoas. “São quem vale a pena envolver nas causas, pequenas ou grandes”, diz

LEMA
“Ser sempre curioso e, por vezes, testar os próprios limites” é uma regra de ouro na sua vida pessoal e profissional. Acredita que “é importante assumir desafios” e gosta de sair da sua zona de conforto

PERCURSO
Chega à Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes depois de uma carreira de mais de 25 anos em que destaca o trabalho no sector do vinho, desde a gestão de Marketing na Europa Central da  Ernest & Julio Gallo Winery, o maior produtor de vinho do mundo, à Direção-Geral da Viniportugal ou à presidência da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, onde lançou e desenvolveu o Plano de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo

HOBBIES
Provar comida e vinhos, ler e cozinhar pratos simples ou complicados, de preferência salgados

ÚLTIMAS LEITURAS
“O Retorno”, de Dulce Maria Cardoso, e “O Atlas Gastronómico”, de Mina Holland

Texto Margarida Cardoso
Foto Fernando Veludo/NFactos






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