Opinião

O talento à beira-mar plantado



12.08.2022



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A duração média prevista da vida profissional ativa da população portuguesa é de 37,6 anos. Segundo dados do Eurostat, os portugueses passam mais 1,6 anos a trabalhar do que a média dos restantes  países da União Europeia e 38,4 horas é a duração média do horário de trabalho de um trabalhador português. Segundo a mesma fonte, Portugal é o 9º país da Europa que mais horas trabalha. 220 euros  representa o aumento do salário mínimo em Portugal nos últimos 10 anos. Portugal está entre os 13 Estados-membros da União Europeia com salários mínimos abaixo dos mil euros brutos.

Não é numerologia, são factos. Números que, de facto, não podem ser ignorados e que são um retrato de um país de talentos difíceis de atrair e de reter. Numa altura em que se discute a redução da semana de trabalho para quatro dias, defendo que é preciso acautelar os interesses dos trabalhadores, acima de tudo, mas, da mesma forma, há que pensar naquilo que é exigido às próprias empresas.

Sem dúvida que terá efeitos na produtividade, no bem-estar e que irá certamente contribuir de forma positiva para a conciliação vida pessoal-vida profissional. Mas, ao mesmo tempo, reduzimos a semana de trabalho para quatro dias e reduzimos também o vencimento? Impossível num país onde a média salarial ronda os 800 euros!

A verdade é que trabalhamos cada vez mais anos, mais horas, mas somos também cada vez mais um país de salários mínimos; como é que podemos querer ser atrativos o suficiente? É preciso atrair investimento e reforçar a competitividade em Portugal que nos permita igualmente pagar salários mais elevados, remunerar de forma mais justa e de efetivamente sermos capazes de competir e estar lado a lado com os restantes países da Europa. Porque, mais do que um cantinho à beira-mar plantado, somos um país repleto de talento, que merece ser reconhecido como tal.










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