Vítor Andrade
vandrade@mail.expresso.pt
NO INÍCIO da década de noventa do século
passado, de repente percebeu-se que o mercado de trabalho estava a necessitar
urgentemente de licenciados nas áreas de economia e gestão.
Estávamos no auge do "oásis" cavaquista e os poucos
recém-licenciados naquelas disciplinas eram disputados pelas empresas.
O sistema de ensino respondeu de forma exagerada ao apelo do mercado e
multiplicaram-se os cursos naqueles domínios. Porém, ninguém
se quis lembrar de que só daí a cinco anos haveria licenciados
disponíveis em quantidade.
E assim foi. Só que, em 1995, já a economia começava
a entrar em curva descendente e, consequentemente, havia muito pouca necessidade
de gestores. E foi o desemprego.
Agora corremos o risco de voltar a não conseguir fazer coincidir
a produção de licenciados para as áreas em que mais
vão ser precisos daqui a alguns anos. Ou seja, continuamos a não
querer ver muito mais além do imediato.
O caso da matemática, relatado nesta página, é um
exemplo disso mesmo. Por falta de estratégia, corremos o risco
de não ter os professores de que vamos precisar.