Cátia Mateus
Mais de 90% dos diplomados da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) estão empregados, sendo que as áreas das ciências e tecnologias e das ciências empresariais apresentam valores de empregabilidade na ordem dos 97%. As conclusões foram agora apresentadas pelo Observatório do Percurso Profissional daquela universidade que revela ainda que mais de 72% dos estudantes se encontram no primeiro ou no segundo emprego, evidenciando sinais de relativa estabilidade.
Segundo Fontaínhas Fernandes, pró-reitor da UTAD, “a recente evolução do ensino superior português e a sua adequação ao espaço europeu tem implicado desafios adicionais às instituições de ensino superior, cujo sucesso depende da sua capacidade de apreender o espírito de mudança e de se adaptar às novas exigências”. Demandas essas que, refere, “passam pela definição de sistemas de gestão da qualidade que integram o sucesso educativo, a qualidade pedagógica e a empregabilidade”. O pró-reitor acredita por isso que esta mudança acarreta a implementação de práticas de avaliação que considerem esforços constantes de melhoria contínua, essenciais à formação de estudantes e à sua preparação para o mercado de trabalho.
Foi à luz deste princípio que a instituição criou o Observatório do Percurso Profissional cuja missão principal é acompanhar a actividade laboral dos seus antigos alunos. A primeira análise divulgada pelo organismo dá uma visão optimista daquele universo académico.
De acordo com o relatório, a maior parte dos licenciados da UTAD são oriundos da Região Norte, com particular enfoque em Vila Real, Porto e Braga, sendo que apenas 18% se mantiveram em Vila Real para exercer a sua profissão. Apesar disso, poucos são os jovens profissionais que necessitaram de se deslocar para o estrangeiro a fim de exercer a sua vocação. Só dois por cento dos licenciados entre 1998 e 2002 mudaram de país.
Ainda assim, o responsável da universidade acredita que “estes dados confirmam a necessidade de implementação de projectos com escala e dimensão adequadas que surtam efeitos ao nível da competitividade ao abrigo das novas políticas de revitalização económica no quadro do Programa Operacional Regional, de modo a fomentar a criação de negócios inovadores, que articulem capacidades empresariais com o conhecimento científico e tecnológico”.
Uma estratégia que para ter sucesso deverá, na opinião do especialista, envolver parcerias entre as empresas, autarquias, instituições de ensino superior e centros de investigação, que se traduzam na dinamização da coesão territorial e reduzam a disparidade de desenvolvimento entre as regiões.
Ao analisar o tempo de permanência no emprego, os ex-alunos da UTAD têm também razões para sorrir, ao contrário de muitos outros jovens que se debatem por um lugar no mercado laboral. É que 65,9% dos estudantes empregados encontram-se no mesmo emprego há mais de 3 anos sendo, contudo, este valor inferior nos casos de primeiro emprego (32,1%). A maior parte destes alunos já teve pelo menos dois empregos e entre os aspectos mais favoráveis para a obtenção de um lugar no mercado laboral por parte destes estudantes salientam-se a especificidade do curso, o relacionamento social, a nota final do curso e a importância do estágio curricular.
A maioria dos estudantes que mudaram de emprego fê-lo, segundo o estudo, em nome da realização profissional, logo seguida da remuneração, estabilidade e perspectiva de progressão na carreira. Em matéria de estratégia para encontrar emprego, a UTAD concluiu que o papel das universidades, através da sua unidade de inserção na vida activa é mais relevante na obtenção do primeiro emprego. A partir daí, o conhecimento pessoal é o meio mais representativo para obtenção de emprego não deixando de ser meios igualmente válidos a resposta a anúncios e o contacto directo com empregadores.