Ruben Eiras
COM um tecido demográfico mais envelhecido, as
universidades têm que apostar no desenvolvimento de soluções
de formação pós-graduada, orientadas para a aprendizagem
ao longo da vida.
9 tendências
Esta mensagem foi difundida em praticamente todos os painéis de
debate do Mercado Mundial de Educação (World Education Market),
que se realizou na semana passada no Centro de Congressos de Lisboa.
De acordo com os dados apresentados por Ronald Perkinson, consultor da
International Finance Corporation, do Banco Mundial, os alunos com formação
superior nos países da OCDE aumentarem de 22% para 40%.
E mais de 40% dos licenciados americanos e europeus já ultrapassaram
os 25 anos de idade. Outra tendência salientada por aquele especialista
é que os programas de pós-graduação estão
a ganhar importância na progressão de carreira. "Por
isso, a aprendizagem ao longo da vida está a atrair um novo perfil
de alunos, mais diversificados, mais idosos e em 'part-time'",
refere Ronald Perkinson.
Outra nova realidade a que o sistema universitário terá
que se adaptar é a adopção do conceito de aprendizagem
da formação: equipar os alunos com diversas competências
técnicas específicas de determinado sector ou segmento empresarial.
O estrangulamento financeiro é outro dos desafios que as entidades
universitárias terão de enfrentar nos próximos anos.
A própria Viviane Reding, comissária europeia da Educação
e da Cultura, que esteve presente no evento, reconheceu que o financiamento
público do ensino superior "atingiu o limite".
De acordo com aquela responsável, a solução passa
pelas universidades criarem as suas fontes de rendimento, através
de uma maior ligação ao tecido empresarial local. "Devem
construir soluções de formação que respondam
às necessidades de competências das empresas", sugere.
Mercado global
Uma das outras vagas que está a afectar o funcionamento das universidades
é a globalização. "O mercado do ensino superior
agora é global e as instituições universitárias
têm que se esforçar para captar os melhores alunos, provenientes
de qualquer parte do mundo", frisa Carl Dahlman, outro especialista
do Banco Mundial.
Os números não enganam. No espaço da OCDE, as estatísticas
apresentadas por aquele responsável constatam que mais de um milhão
e meio de estudantes frequentam universidades estrangeiras. Um mercado
estimado em mais de 30 biliões de euros.
Neste plano, aquele investigador indica que os programas e acordos de
certificação internacional de graus de ensino superior irão
intensificar-se nesta década. "É inevitável
a emergência de uma ou várias entidades internacionais que
irão determinar as normas de qualidade e os seus processos de cumprimento,
para assegurar uma harmonização transnacional da avaliação
do ensino", refere.
A formação a distância também está a
penetrar no meio universitário a ritmo acelerado. Segundo Ronald
Perkinson, o "e-learning" é o subsector com o crescimento
mais rápido. Na Europa, cerca de 20% dos alunos já aprendem
nesta modalidade pedagógica.
9 tendências
1 - No ensino superior, mais de 1,6 milhões de alunos estudam
fora do seu país de origem
2 - As instituições educativas estão a tornar-se
globais através de três vias: presença física
em países estrangeiros, associações com universidades
locais e cursos baseados em internet
3 - O Acordo Global para as Transacções Comerciais (GATS)
está a puxar pela liberalização dos serviços
educacionais
4 - Criação de mecanismos múltiplos para a formação
contínua além do sistema de educação formal
5 - Explorar o potencial das tecnologias de informação e
comunicação para expandir as oportunidades de formação
6 - Sistema educativo necessita de ensinar os estudantes a como aprenderem
ao longo da vida. Isto implica melhores metodologias pedagógicas
e abordagens interdisciplinares que transmitam competências-chave.
Fonte: Carl Dahlman, Banco Mundial, 2003