Cátia Mateus e Maribela
Freitas
A FORMAÇÃO profissional
é, nos dias que correm, uma "ferramenta" indispensável
para quem quer vencer no mundo do trabalho. Uma licenciatura, por
si só, já não é garantia de emprego.
As empresas procuram trabalhadores na vanguarda do conhecimento
e para vencer é necessário estar sempre actualizado.
Escolha a formação mais adequada
ao seu perfil
Todavia, para os especialistas, a formação
disponível no mercado está desajustada face às reais
necessidades do país. Em Portugal falta uma estratégia de
formação concertada e com visão de futuro. Aqui reside
parte da resolução do problema do desemprego qualificado.
Mas, além desta aposta, o país deve ainda caminhar rumo
à dinamização do empreendedorismo. Em tempos de crise,
a criação do auto-emprego é uma saída viável
para combater o desemprego.
CRUZAR os braços e esperar que um trabalho lhe caia
do céu não será a melhor forma de encarar uma situação
de desemprego. Numa altura em que para vencer no mercado laboral o trabalhador
tem de se constituir como um "produto aliciante" para as empresas,
é indispensável uma aposta na formação.
A oferta disponível é vasta e a dificuldade é escolher
o curso mais adequado ao seu perfil. E se ainda é dos que pensam
que um curso superior é garantia de emprego, desengane-se. Hoje
é fundamental para as empresas ser-se um bom profissional, sempre
na "linha da frente" do que dita o conhecimento.
Mas para alguns profissionais ligados ao sector da formação,
Portugal não tem uma política estruturada e eficiente neste
domínio. As empresas e as entidades formadoras permanecem de costas
voltadas e o país continua a investir em áreas que o mercado
não tem capacidade para absorver.
"Os últimos dados do desemprego são alarmantes.
Não tanto em termos numéricos, que já eram de prever,
mas pela percentagem de desemprego qualificado que abrangem".
A afirmação é de Carlos Freitas, docente universitário
e director de Formação da Associação Nacional
de Jovens Empresários (ANJE).
Um panorama que leva este responsável a apontar como prioridade
a "canalização da formação para a
requalificação profissional dos desempregados qualificados,
em áreas que o mercado não consegue absorver. A resolução
de parte do desemprego qualificado existente no país passa por
aqui".
A solução do auto-emprego
De acordo com o docente, o país não se pode dar ao luxo
de ter licenciados "no desemprego". Carlos Freitas não
tem dúvidas de que "este é um problema que tem de
ser resolvido em parceria estreita entre as escolas e as empresas".
Ao departamento de formação da ANJE acorrem essencialmente
jovens com formação média ou superior, em busca do
primeiro emprego. Um perfil que leva a associação a canalizar
a sua formação para as áreas comportamentais, "marketing",
empresarial e empreendedorismo.
Uma opção que Carlos Freitas considera de extrema importância
em momentos de crise já que "há muita gente a procurar
o auto-emprego como 'arma de combate' ao desemprego". Para o
docente, "há que pensar que o mercado actual se orienta
por elevados padrões de mobilidade que exigem uma constante actualização
de conhecimentos".
Por isso, apela a uma escolha consciente e adequada às reais necessidades
do país. É que na sua opinião "é flagrante
a falta de uma estratégia concertada entre a formação
que as instituições oferecem e o que as empresas necessitam".
A desadequação de conteúdos, segundo Carlos Freitas,
seria resolvida com um diagnóstico eficaz das carências de
competências do tecido empresarial nacional. "As empresas
têm de comunicar às instituições de ensino
as suas necessidades" defende.
Uma opinião também corroborada por Manuel Forjaz, formador
na área do empreendedorismo. O profissional vai mais longe e garante
que "há muito dinheiro a ser investido neste campo sem
que exista um planeamento a longo prazo". A falta de estratégia
com que Portugal aposta na formação "não é
viável para o combate ao desemprego", critica.
E mesmo em matéria de formação para criação
de auto-emprego, há lacunas a colmatar. "A formação
na área do empreendedorismo continua a ser negligenciada",
afirma.
Esta seria, segundo o responsável, uma área que deveria
merecer a atenção do Estado já que em tempo de desemprego
é uma alternativa a considerar.
Manuel Forjaz advoga que a formação predominante em Portugal
"é pouco especializada e com escassa ligação
ao mundo empresarial". Ao país também falta uma
aposta forte na "credibilização da actividade formativa",
sublinha.
Com base na sua experiência enquanto formador, aquele especialista
divide o perfil-tipo do formando em dois grupos: "Os desempregados
que procuram cursos subsidiados (80%) e uma percentagem ainda residual,
composta pelos profissionais que têm de facto uma preocupação
com a formação pessoal". No último grupo,
destaca ainda "uma pequena parcela de profissionais altamente
qualificados que escolhem cursos bastante caros e de grande valor curricular".
Quando se fala de formação em Portugal há que referir
a acção do Instituto de Emprego e Formação
Profissional (IEFP), o organismo público que tutela a área.
Só este ano, o instituto prevê abranger mais de 130 mil indivíduos
nas suas actividades formativas. Uma intervenção de combate
ao desemprego centrada em três vertentes: a prevenção,
intervenção precoce e reparação de situações
de desemprego.
Soluções à medida do seu perfil profissional
EM PORTUGAL o número de instituições
de formação a oferecer cursos de valorização
nas mais variadas áreas não pára de crescer. O EXPRESSO
mostra-lhe algumas:
www.iefp.pt - No Instituto
do Emprego e Formação Profissional encontra vários
programas de formação, direccionados para vários
perfis profissionais e áreas de formação
www.sej.pt - O Centro
Nacional de Informação Juvenil encontra 'dicas' de formação
em Portugal e no estrangeiro
www.ifea.pt - O Instituto
de Formação Empresarial Avançada promove o programa
empreender em que entre outras funções, disponibiliza formação
para empreendedores.
www.anje.pt - A Associação
Nacional de Jovens Empresários oferece uma formação
essencialmente centrada nos domínios do Empreendedorismo, Desenvolvimento
de RH/ Comportamental, Comercial/ Marketing, Jurídica, Gestão/
Finanças e Tecnologias de Comunicação e Informação
www.inftur.pt - O Instituto
de Formação Turística é o responsável
por áreas como a hotelaria e a restauração que ministra
através das escolas de formação profissional que
tutela.
www.anefa.pt - Na Direcção-Geral
de Formação Vocacional encontra 'produtos formativos' em
várias áreas
www.ifb.pt - O Instituto
de Formação Bancária disponibiliza apenas formação
para o sector da banca.
www.rumos.pt
- A Rumos disponibiliza uma acção de formação
em parceria com a Microsoft, exclusivamente para desempregados.
Esta é apenas uma amostra de muitos sítios na Internet onde
pode recolher informação sobre a formação
que mais lhe interessa para conseguir alcançar os seus objectivos
de carreira.