Cátia Mateus
A decoração apareceu
por "acidente". Mas nem por isso as quatro autoras do projecto
Trapos d'Encantar voltaram costas à oportunidade
BI empresarial
A PAIXÃO pelo "design" traçou-lhes o caminho,
mas foi a vontade de criar um negócio próprio que as juntou.
Depois de um percurso académico centrado no Design de Moda, Susana
Fialho, Cristina Caetano, Isabel Rodrigues e Ana Boal preferiram criar
a sua própria empresa ao invés de investir no trabalho por
conta de outrem.
A ideia deu lugar à prática e no ano passado, depois de
um projecto bem pensado e de muitas entraves ultrapassadas, o ateliê
Trapos d'Encantar abriu pela primeira vez as portas ao público.
A "jovem empresa" propõe-se criar peças de decoração
com "design" exclusivo, onde a cor e a forma deixam transparecer
a irreverência, garra e originalidade de uma equipa de empreendedoras
sub-30.
Confessam que nunca foi sua ideia trabalhar na área da decoração.
Contudo, já dizia o velho ditado que as boas oportunidades só
surgem uma vez na vida e é preciso não deixá-las
fugir e por isso, as quatro empreendedoras não voltaram costas
a uma nova experiência.
"Trabalhar em decoração nunca foi um objectivo definido,
mas as coisas foram acontecendo e descobrimos que este é um ramo
fascinante", explica Susana Fialho que assegura que "neste
trabalho, a equipa descobriu um novo talento".
Criado em Julho de 2002, o ateliê Trapos d'Encantar transpõe
as histórias que povoam o imaginário infantil para o tecido.
Um composto de sucesso feito com muita cor, dedicação e
imaginação.
Para as quatro empreendedoras, não há dúvidas de
que a decoração infantil é uma área de negócio
onde vale a pena apostar. "Após uma pesquisa de mercado
chegámos à conclusão que podíamos contribuir
de forma muito positiva no campo da decoração. Não
existia nada semelhante ao que queríamos fazer", explica
Ana Boal.
Na realidade, a Trapos d'Encantar assenta num conceito inovador. A empresa
trabalha para um público-alvo onde impera o gosto dos mais pequenos.
Na essência os trabalhos das empreendedoras são requisitados
por gente que quer fugir à decoração convencional
"e fazer dos quartos das suas crianças uma explosão
de cor e alegria". O segredo, explicam, "é criar
uma vida própria em cada ambiente, um lugar onde entramos e sorrimos".
A actividade da empresa consiste na criação, concepção
e distribuição de peças de decoração
originais e com "design" exclusivo. As empreendedoras trabalham
apenas com tecidos e modelos próprios, apostando em detalhes bordados
e "design" contemporâneo.
Embora o principal enfoque da empresa seja na criação de
quartos infantis, Cristina Caetano explica que "a diversificação
da actividade da empresa para outras áreas é o grande objectivo
que nos propomos atingir".
O futuro passa pela roupa infantil
O segmento da roupa infantil e a criação de uma linha industrial
de textêis-lar (toalhas de banho, lençóis), são
potenciais áreas de aposta para as quatro empreendedoras. O único
problema, garantem, "é termos milhares de projectos e não
termos tempo para tudo".
O ateliê Trapos d'Encantar emprega neste momento quatro pessoas.
Para criar esta empresa, as empreendedoras investiram um total de dez
mil euros. Susana Fialho relembra que "era pouco para o que precisávamos,
mas fomos investindo aos poucos".
Uma estratégia pensada à luz da teoria dos pequenos passos,
que foi suficiente para minimizar o risco inicial inerente a qualquer
projecto. É que para as empreendedoras, a fase de lançamento
de uma empresa acarreta sempre grandes dificuldades e um risco que é
acrescido pela inexperiência.
A par com os entraves burocráticos, Susana Fialho aponta a falta
de informação como uma das grandes dificuldades inerentes
à criação de um negócio em Portugal.
Um entrave que Isabel Rodrigues defende só se ultrapassa com grande
determinação e persistência. A empreendedora garante
que a empresa está no bom caminho e que "apesar do futuro
nestas áreas ser sempre muito incerto, confiamos muito no nosso
projecto".
Nesta fase, a empresa ainda procura estabilizar-se no mercado. O investimento
inicial ainda não foi totalmente recuperado já que "tudo
o que entra é para voltar a investir na empresa".
Ainda assim, as quatro empreendedoras não hesitam em afirmar que
"acreditar no que se faz, ter confiança no projecto, coragem
para avançar e a consciência de que todos os negócios
são um risco mas que é importante lutar pelo que acreditamos",
são os pilares para a construção de um projecto de
sucesso, seja nesta ou em qualquer outra área.
BI empresarial
Nome: Trapos d' Encantar - Design e Decoração
Ano de criação: 2002
Sede: Linda-a-Velha
Responsáveis: Susana Fialho (26 anos), Cristina Caetano
(25 anos), Isabel Rodrigues (24 anos) e Ana Boal (28 anos)
Área de actuação: Decoração
de interiores com peças de Design próprio e exclusivo
Investimento inicial: 10.000 euros
Principais clientes: Lojas de decoração para crianças
e clientes particulares que querem fugir à decoração
convencional
Postos de Trabalho criados: Quatro a tempo inteiro
Lema: Criar e distribuir peças de decoração
apostando em detalhes e "design" contemporâneo
Conselhos: Acreditar no que se faz e ter confiança no potencial
de negócio. Depois há que transmitir estes valores aos clientes!