Cátia Mateus
Face ao cenário de crise económica mundial temia-se o pior para este Verão no que toca ao emprego sazonal gerado pelo turismo em zonas chave do país como o Algarve e a Madeira. Contudo, embora as estatísticas oficiais apontem para o aumento do desemprego nestas regiões durante o mês de Julho, a verdade é que alguns players do sector hoteleiro chegaram a ter de recorrer à contratação de trabalhadores temporários para fazer face à afluência de turistas.
O número de desempregados registados em Julho deste ano no Algarve cresceu 104,2% face a igual período do ano passado, enquanto na região da Madeira esse aumento se ficou pelos 50,3%, segundo dados recentes do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Mas apesar do negro cenário, o número de turistas nestas zonas do país justificou que algumas unidades hoteleiras recorressem ao trabalho temporário para colmatar a necessidade de pessoal.
Com dez hotéis na Madeira e oito unidades no Algarve, o Grupo Pestana parece ter conseguido manter bons níveis de ocupação durante os últimos meses o que permitiu, segundo Patrícia Reimão, relações públicas do grupo, manter o número de funcionários e ainda contratar temporários. “Não se realizou qualquer corte em termos de serviços prestados e mantivemos tudo a funcionar como no ano passado”, explica a responsável.
Igual cenário teve o grupo Vila Galé que possui um hotel na região da Madeira e nove no Algarve. Também aqui não houve, segundo Gonçalo Rebelo de Almeida, director de marketing e vendas, qualquer diminuição no número de efectivos.
O presidente da Confederação do Turismo de Portugal antecipou um Verão difícil para o sector do turismo e da restauração uma previsão que não espantou. E se na Madeira e a sul do país a afluência de turistas parece não ter causado grandes mossas há que relembrar que o Verão é caracterizado por um forte dinamismo de uma série de empregos tido como sazonais que este ano podem ter sofrido com o forte impacto da crise.
O número de portugueses inscritos nos centros de emprego subiu 1,4% em Julho, face ao mês anterior, e 30,1% face a igual período do ano transacto. Neste momento, e segundo dados do IEFP, as listas dos centros de emprego somam já cerca de 496.683 desempregados a aguardar a tão esperada retoma da economia e aquela luz ao fundo do túnel que teima em tardar.