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Pequenas ideias que valem ouro

Pequenos mas com potencial. Assim se querem os novos negócios financiados pelo Microcrédito. Perante uma conjuntura económica hostil esta pode ser mesmo uma forma de dar um pontapé no desemprego e uma porta de entrada para uma nova vida, desta vez como patrão de si mesmo
03.09.2009


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Cátia Mateus
Small is beautiful! A expressão pode ser básica mas concentra em si a essência do microcrédito enquanto ferramenta de combate ao desemprego. Na verdade, em época de crise económica e com o aumento do desemprego e a rigidez do mercado de recrutamento muitos são os microempreendedores que encontram na criação de pequenos negócios locais a melhor forma de assegurar a sua subsistência. As mulheres são, em Portugal, as grandes adeptas do Microcrédito, o sistema de financiamento criado em 1976 por Muhammad Yunus para ajudar os mais desfavorecidos e aqueles a quem a banca não financiava a conseguirem tornar-se financeiramente autónomos. Mas de lá para cá muita coisa mudou e hoje este sistema é mesmo o grande aliado dos que procuram liderar pequenos negócios com grande potencial. Porque há sonhos que precisam apenas de uma pequena ajuda para se tornarem negócios de sucesso.

Nos primeiros sete meses deste ano, a Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC) — entidade que em Portugal assegura a gestão e implantação deste sistema de financiamento — apoiou a criação de 131 micronegócios que, por si só, geraram já 240 novos postos de trabalho. De Janeiro a Julho de 2009 a instituição concedeu cerca de 758.355 euros para a criação de pequenos negócios que têm sobretudo a função de auto-emprego num momento em que a crise deixou sem trabalho milhões de pessoas em todo o mundo e conseguir um lugar no mercado laboral é uma tarefa árdua.

Negócios pequenos, locais, regra geral com forte componente social mas nem por isso débeis ou de curta duração são assim os micronegócios que este sistema apoia. Engomadorias, lojas, serviços de costura ou de cattering, acompanhamento e transporte de crianças e idosos, restaurantes, artesanato, cabeleireiros ou oficinas de artesanato são alguns dos negócios que este sistema de financiamento já ajudou a materializar em Portugal.

Segundo dados da ANDC, o sector do comércio é o que reúne mais investimento e o que lidera os projectos aprovados (cerca de 37%), logo seguido da restauração e alojamento (13,2%) e das indústrias transformadoras (11,8%).

Em média, cada projecto aprovado pela ANDC este ano conseguiu um empréstimo de 5788 euros. Um valor que segundo a associação é cerca de 16% superior ao ano passado, altura em que o montante por projecto aprovado rondava os 4970 euros.

Lisboa é a região que reúne maior número de projectos aprovados (25%), logo seguida do Porto (13,74%) e só depois de Faro (9,16%) e Vila Real (9,16%). As mulheres dominam enquanto adeptas do microcrédito e promotoras destas micro-ideias de negócio, representando 51,91% dos negócios aprovados contra 48,09% de projectos liderados pelo sexo masculino.

No que toca a idades os resultados permitem desmistificar a ideia de que este é um sistema de financiamento restritivo já que a distribuição de projectos aprovados é transversal a todas as faixas etárias com predominância no escalão dos 25 aos 29 anos (24,43%), logo seguido dos 30 aos 34 anos (18,32%). Há contudo que realçar o apoio a 7,63% de projectos liderados por promotores na faixa dos 50 aos 54 anos.

Desde que chegou a Portugal este sistema já ajudou a criar inúmeros micronegócios e a assegurar emprego a muitos desempregados. Numa década foram criadas 1199 microempresas com a ajuda da ANDC, com uma taxa de sucesso de 81,4%. Além do financiamento propriamente dito, a associação ajuda os empreendedores a preparar o dossiê de investimento do seu negócio, a avaliar os seus riscos e a resolver problemas que possam vir a surgir no desenvolvimento do negócio.

Uma fonte de financiamento que está a reunir cada vez mais adeptos e que pode mesmo ser uma porta de entrada para o mundo do trabalho quando todas as outras teimam em fechar-se.

Negócios em ponto pequeno

A revista “Forbes” já lhe atribuiu o honroso título de Best of the Web e o “Wall Street Journal” e o “New York Times” já o elogiaram por diversas vezes. Trata-se de um blogue que demonstra como ser pequeno pode ser uma virtude no mundo dos negócios. Em www.smallbiztrends.com demonstra-se porque é que os micronegócios podem ser a melhor das formas de fintar o desemprego.

O espaço já se tornou uma referência para microempreendedores em todo o mundo que, partindo de ideias que podem ser caseiras ou locais, querem lançar-se no mundo dos negócios. Neste espaço é possível encontrar um vasto leque de dicas, sugestões, informações, publicações e até conselhos de reputados especialistas em matéria de microempreendedorismo.

Uma prova de que ser pequeno não significa ser mais fraco, menos sustentável ou com défice de potencial. Ser pequeno pode mesmo ser uma grande virtude em tempo de crise no mundo dos negócios.





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