Ruben Eiras
A AMÉRICA Latina é o principal destino dos
expatriados portugueses - cerca de 36% das missões de trabalho
internacionais atribuídas em 2003 situaram-se naquela zona do globo.
Este é um dos resultados em destaque de um recente estudo da Mercer
HR Consulting sobre a gestão da força de trabalho expatriada.
A pesquisa abrangeu mais de 35 mil empregados distribuídos por
220 empresas internacionais ao redor do globo.
De acordo com aquela pesquisa, as outras duas regiões geográficas
que recebem mais expatriados portugueses são África (30%)
e o continente asiático (27%). A Europa conta só com 7%
das missões internacionais de trabalho. As razões que
levaram à expatriação são o desenvolvimento
do negócio (100%) e a globalização das empresas
e intercâmbio de profissionais (77%).
No limite, estes são alguns sinais de globalização
do mercado de trabalho nacional provocados pelo movimento de internacionalização
da economia portuguesa.
Outra tendência detectada pelo estudo da Mercer é a aposta
das multinacionais em missões de trabalho internacionais de curta
duração. Um recente estudo constatou que perto de quatro
em cada 10 multinacionais aumentaram a utilização desta
forma de trabalho no ano de 2003.
Os principais factores de crescimento das missões internacionais
de curto prazo são o menor custo e a maior flexibilidade de gestão
face às de longa duração.
Este novo tipo de trabalho internacional não dura mais do que
um ano, o que segundo a Mercer "facilita a conciliação
entre a vida profissional e a familiar dos trabalhadores expatriados,
já que não é necessário que a família
tenha de se ajustar a um novo local e cultura". As missões
de longa duração geralmente prolongam-se até cinco
anos.
Outra nova tendência são as transferências regionais,
isto é, missões de trabalho realizadas dentro da mesma
região geográfica. O estudo descobriu que 43% das empresas
relatam a introdução de alguma flexibilidade nas suas
políticas de transferências regionais e 39% criaram políticas
específicas de transferências regionais.
A pesquisa também constatou que quase metade das empresas providencia
aos expatriados apoio total no suporte dos custos de habitação.
E a vasta maioria das entidades (91%) compensa os expatriados pelas
diferenças no custo de vida entre o país natal e os locais
das missões. Para os empregados em missões de curto prazo,
mais de seis em cada 10 empresas disponibiliza um a quantia para cobrir
as despesas diárias.
Os prémios de mobilidade e de "dificuldade" - os quais
ajudam a compensar os colaboradores que são destacados para locais
de risco - continuam a desempenhar um papel importante no encorajamento
dos empregados a deslocarem-se em missão. A maioria das empresas
inquiridas, cerca de 78%, referem que no presente momento não
tencionam mudar os níveis dos prémios de mobilidade.
Todavia, cerca de 11% dos inquiridos esperam que o valor dos prémios
de "dificuldade" para as missões do Médio-Oriente
aumente, reflectindo assim o grau de insegurança na área.
Por outro lado, existem expectativas de uma diminuição
do número de missões na China e na Europa de Leste.
Quanto ao apoio familiar, menos de metade das empresas inclui o apoio
às esposas nas suas políticas de missões internacionais.
Cerca de quatro em cada 10 empresas consideram o aconselhamento de carreira
como uma parte importante do apoio à esposa e 72% classificam
a formação em idiomas estrangeiros como sendo essencial.