Ruben Eiras
O GRUPO Select/Vedior irá criar durante o mês de Janeiro cerca de 45 Pontos de Emprego — uma espécie de centros de emprego privados — espalhados por todo o território nacional. Os candidatos poderão escolher entre os vários segmentos de mercado de trabalho disponíveis, os quais estarão devidamente assinalados pelas respectivas marcas do grupo.
«Desta forma, as pessoas que estão à procura de trabalho terão acesso a um serviço muito mais integrado, que lhes acrescentará valor à sua carreira», refere Mário Costa, director-geral da Select/Vedior. Aquele responsável frisa ainda que as pessoas que estão desempregadas poderiam resolver a sua situação com mais celeridade se o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) partilhasse a sua base de dados com as empresas de trabalho temporário (TT).
«Mas para que isso aconteça e o IEFP aumente a sua eficácia, devia pegar numa parte do dinheiro que recebe da Europa para a formação e reconverter os seus funcionários, para que estes fossem mais ágeis e pró-activos em resolver os problemas de quem não tem emprego», sugere com alguma ironia Mário Costa.
Quanto a resultados, o Grupo Select/Vedior registou novamente em 2004 um crescimento de 25% face ao ano transacto, com uma facturação de 170 milhões. Neste momento, dá trabalho a mais de 18 mil temporários. Mário Costa salienta que o bom desempenho da empresa se deve não só ao crescimento orgânico do negócio (cerca de 15%) mas também a novas aquisições, as quais contribuíram para um aumento de 10%. Destas destaca-se a compra da Platoforma, a empresa de trabalho temporário de «call-center» que pertencia à PT.
Neste plano, o responsável da Select/Vedior lamenta que Portugal não consiga atrair mais investimento estrangeiro no «outsourcing» de «call-centers», apesar do seu potencial no domínio de línguas estrangeiras, como o inglês. «As multinacionais que desejam instalar ‘call-centers' olham para o estado do nosso sistema de educação e formação, do nosso sistema legal e dos custos do nosso imobiliário. Quando analisam o cenário, vão-se logo embora: educação de má qualidade e de fraca componente técnica, preços demasiado elevados no imobiliário e um sistema de Justiça lento e disfuncional. E assim se perdem milhares de potenciais novos empregos», critica.
Para inverter esta situação, Mário Costa advoga uma aposta no reforço da formação dos portugueses e um aumento da flexibilidade laboral nas empresas. «Embora a Agenda de Lisboa preveja isto, na prática só vimos teoria produzida por burocratas e mais regulamentação», argumenta. «Portugal e a Europa precisam é de uma ‘terapia de choque' de deslocalização empresarial para acordarem e serem mais empreendedores e construtivos», remata.