OS DIRIGENTES e quadros superiores de empresa e os especialistas
das profissões intelectuais e científicas são os
dois segmentos profissionais com a maior desvalorização
salarial registada no primeiro trimestre deste ano. Segundo os últimos
dados do INE, face a igual período em 2003, os custos por hora
trabalhada destes dois conjuntos de profissões desceram 7,4% e
5,1%, respectivamente.
De acordo com Mark Bowden, director da Hays Personnel, uma consultora
especializada em remunerações, a diminuição
na retribuição na classe profissional dos gestores deve-se
à crise económica.
"Entre 2000 e 2001, com o crescimento da economia, a escassez
de bons profissionais levou ao inflacionar dos salários oferecidos",
explica. Além disso, aquele especialista frisa que a recessão
também causou um corte no custo do trabalho destes profissionais.
"Por exemplo, uma grande parte da remuneração
variável assentava nas 'stock options'. Com o mercado bolsista
em baixo, os montantes auferidos através desta modalidade salarial
também baixaram", esclarece.
Quanto ao segmento das profissões intelectuais e científicas,
em grande parte constituída pela classe profissional dos docentes,
a diminuição salarial deve-se provavelmente à contenção
dos salários na função publica.
Em contraste, a força laboral do sector agrícola viu o
seu custo por hora trabalhada aumentar em 4%, sendo este o maior aumento
registado, seguido pelo dos trabalhadores não qualificados, com
1,6%.
Segundo Mark Bowden, a subida do custo do trabalho nestes segmentos
de trabalhadores deve-se, em parte, à escassez de resposta à
oferta de empregos no sector agrícola: "Não é
um trabalho atractivo e tem um cariz demasiado temporário".
Por outro lado, no geral, aquele responsável também interpreta
esta tendência como "um sinal de desenvolvimento"
do mercado de trabalho nacional. "A subida deste tipo de remunerações
significa uma maior aproximação entre as retribuições
mais elevadas e as mais baixas, reduzindo o fosso salarial",
remata.