Outono de 2008. A falência do banco norte-americano Lehman Brothers, a que se seguiu um crash em Wall Street, envia calafrios a todo o sistema financeiro mundial. Mas, em Portugal, o clima ainda é de festa. Nesse ano, o produto interno bruto (PIB) atinge o valor mais elevado de sempre em termos reais — só ultrapassado em 2018 — e o Governo de José Sócrates avança com um aumento do salário mínimo de €426 para €450 em 2009 (valor nominal), seguindo o caminho traçado no acordo da concertação social de 2006.
Também os funcionários públicos são aumentados (2,9%). O resto da história é conhecida. A economia mundial mergulha em recessão, em Portugal o PIB recua 3% e o recuo da inflação torna a subida do salário mínimo (e dos ordenados da função pública) ainda mais expressiva, atingindo os 6,5% em termos reais. O PS de José Sócrates ganha as eleições legislativas mas, na primavera de 2011 pede um resgate internacional, seguindo-se anos negros de austeridade, sacrifícios e desemprego.
2009 fica marcado pelo segundo aumento mais expressivo do salário mínimo em Portugal, em termos reais, desde a revolução dos cravos' de 1974, ficando apenas atrás de 1979, também ano de eleições legislativas, altura em que a remuneração mínima garantida subiu 8,2% em termos reais. Não é por acaso. Uma análise à evolução real do salário mínimo em Portugal desde o 25 de Abril permite concluir que anos de eleições são, em regra, sinónimo de maiores aumentos. Em termos médios, desde essa altura, o incremento atinge uma taxa média de 1% em anos de legislativas. Já nos restantes anos, em termos médios, o valor não só não sobe como até recua ligeiramente (0,1%).
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