A imagem do engenheiro vindo do Leste europeu que, chegado a Portugal, ia trabalhar para as obras, marcou muita da imigração que o país recebeu nos anos 90 do século passado e primeiros anos do novo milénio. Com a crise na economia portuguesa, muitos desses imigrantes até deixaram o país. Mas os dados sobre o rendimento salarial dos trabalhadores por conta de outrem em Portugal, por nacionalidade, sinalizam que o problema persiste. Para o mesmo nível de qualificações em termos de escolaridade, em média, os portugueses ganham mais do que os estrangeiros. Contudo, no sector privado, comparando nacionais e estrangeiros nas funções mais qualificadas, os portugueses ficam atrás. Parece contraditório, mas não é. É o espelho dessa tal realidade do engenheiro que chega ao país e tem de trabalhar nas obras ou a servir à mesa.
Vamos por partes. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o rendimento salarial médio mensal líquido dos trabalhadores por conta de outrem, mostram que, em média, no ano passado, os trabalhadores portugueses levavam para casa ao fim do mês €890. Já os trabalhadores estrangeiros ficavam pelos €795, ou seja, menos 10,7%. Analisando os dados desde 2011, ano em que se inicia a atual série do INE, os portugueses ficam sempre acima dos estrangeiros, embora o diferencial tenha vindo a diminuir (em 2011 atingia os 20%).
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