Ruben Eiras
PORTUGAL é o único país da União Europeia cujo investimento no capital humano (educação e formação) não gerou crescimento na produtividade. Este é um dos principais resultados em destaque no estudo sobre o capital intelectual na UE, realizado pelos holandeses Christiaan Stam e Dan Andriessen, ambos docentes na Universidade de Inholland.
De acordo com Dan Andriessen, esta situação resulta do pouco investimento realizado na aprendizagem ao longo da vida. «Portugal tem a mais baixa participação da população em acções de formação e a percentagem mais baixa de força laboral com o ensino secundário», salienta.
Aposta na formação ao longo da vida
Ou seja, neste contexto, não basta só investir na educação de pessoas na faixa etária entre os seis e os 21 anos de idade, é necessário fazê-lo sobretudo entre os 25 e os 64 anos. «É a única forma de, no curto prazo, o investimento no capital intelectual gerar efeitos de crescimento na produtividade», sugere.
Outro dos resultados do estudo que preocupa Dan Andriessen é a ausência de uma cultura empreendedora entre os portugueses: o país obteve a classificação mais elevada no que respeita ao «medo» face ao risco de criar uma empresa.
Para inverter a situação, o especialista holandês propõe que Portugal aposte na aceleração do crescimento das indústrias intensivas em conhecimento, para criar mais postos de trabalho altamente qualificados.
Mas como a massa crítica portuguesa em termos tecnológicos ainda é «pequena», o especialista holandês refere que esta insuficiência pode ser colmatada através do aumento da cooperação internacional. «Foi o que pequenos países como a Áustria e a Irlanda fizeram — há muito que aprender com estas nações», remata Dan Andriessen.