Cátia Mateus
A BATALHA do norte em prol da formação está
a ter frutos. A Área Metropolitana do Porto (AMP) detém
actualmente níveis de qualificação académica
superiores aos nacionais, mas ainda inferiores aos registados na Área
Metropolitana de Lisboa (AML). Os dados são do estudo "Retrato
da Área Metropolitana do Porto" que o Instituto Nacional de
Estatística (INE) acaba de editar. O documento, que avalia a evolução
socioeconómica da AML, evidencia que apesar desta conjuntura a
região não está a conseguir retirar o melhor aproveitamento
dos recursos.
Entre 1991 e 2001 o índice de qualificação académica
superior na AMP melhorou consideravelmente. O documento revela que 8%
da população residente nos nove concelhos da AMP possuíam,
em 2001, formação superior.
A média nacional era de 6,5% e a capital, Lisboa, registava uma
média de 10,4%. De acordo com o INE, na mesma altura, 21,8% da
população do Porto não possuíam qualquer
qualificação académica, quando a média nacional
se situava nos 26,4%.
Hoje, o concelho do Porto apresenta, segundo o INE, "o maior
número de estudantes, quer residentes quer matriculados, por
indivíduo activo residente, entre os vários concelhos
que compõem a AMP".
O Instituto frisa ainda que no Porto o número de alunos matriculados
supera mesmo o número de estudantes residentes. São as
mulheres que mais têm contribuído para o qualificação
de mão-de-obra na região.
Os dados revelam que a AMP está a ganhar terreno em qualificação,
mas a verdade é que a região ainda tem dificuldade em
fixar os seus recursos humanos mais qualificados.
E neste campo, o estudo do INE permite concluir que a forte concentração
de serviços qualificados na capital ainda pesa a norte do país.
A AMP dispõe de uma mão-de-obra relativamente jovem quando
comparada com a média do país e até com a AML,
embora os últimos anos tenham evidenciado algum envelhecimento
populacional.
Entre 1991 e 2001 o aumento da população empregada ocorreu
sobretudo entre a população feminina e mais instruída.
Todavia, o crescimento do desemprego na AMP continua a ser superior
ao da AML e da média do país.
De acordo com o INE, apesar deste aumento nítido de qualificações,
"as indústrias da AMP, assentam ainda em sectores muito
intensivos em mão-de-obra, de baixa produtividade e orientação
exportadora". O tecido empresarial da AMP absorve 59,1% da
população empregada.