Há emprego, é bem pago e até oferece oportunidades aliciantes de carreira em contexto global. Talvez por isso, para o presidente executivo da Google, Eric Schmidt, seja difícil perceber porque razão o sector não consegue atrair em força o público feminino. Em entrevista à Forbes, o líder do gigante tecnológico, reconheceu que “há algo na indústria das TI, na sua cultura, na forma como a abordamos, que afasta as mulheres. O que é? não sei”. O que parece bastante claro aos olhos do líder é a necessidade de inverter rapidamente esta tendência.?
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou recentemente o alerta e a Comissão Europeia (CE) acompanhou-a: as mulheres correm o risco de ficar para trás nas áreas científicas e tecnológicas, se os países não colocarem em prática medidas capazes de incentivas as carreiras tecnológicas. De acordo com a OIT, o gap entre homens e mulheres nos campos científico e tecnológico sempre esteve relacionado com as perceções dos papéis de género e com as atitudes em diferentes sociedades que durante muito tempo encorajaram as mulheres a seguirem “carreiras mais leves”. Porém, em Portugal o cenário não é consensual.?
Enquanto Joana Panda, consultora de recrutamento da Hays para a área das Tecnologias de Informação, enfatiza que o afastamento inicial das mulheres da área tecnológica, sobretudo nas áreas mais técnica, não é hoje tão expressivo verificando-se que “cada vez mais mulheres optam pela área das TIs”, o grupo de professores do Departamento de Informática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que compõe a comissão organizadora do Girls in ICT - Dia das Jovens Mulheres nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), que decorre a 23 de abril, em Lisboa, tem uma visão distinta.
“Percentualmente, o número de raparigas em cursos TIC tem vindo a baixar. Na nossa licenciatura de Tecnologias de Informação, nos últimos quatro anos tivemos uma média de 22% de raparigas e na de Engenheria Informática, a média tem rondado os 12%”, explica a comissão organizadora justificando desta forma a necessidade de Portugal se aliar a este evento europeu cujo objetivo é aumentar a consciencialização das jovens mulheres sobre as oportunidades de carreiras na área das Tecnologias da Informação e das Comunicações e do seu potencial de empregabilidade.?
A equipa salienta que a participação das mulheres nas TIC tem ganhos para ambas as partes: para as mulheres porque o nível de dinâmica do sector na área do recrutamento permite ampliar em larga escala as suas oportunidades de emprego e carreira e para o sector porque, “as mulheres têm valências significativas e podem contribuir através da tecnologia para a construção da sociedade do futuro, onde a tecnologia tem cada vez mais um papel significativo e transversal”. Se estes argumentos não forem necessários, é sempre possível recordar os do presidente da Google: há emprego com salários aliciantes.