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Penafiel quer atrair ensino

19.09.2003


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Cátia Mateus

O concelho aposta em cursos que respondam à economia da região


A CÂMARA Municipal de Penafiel (CMP) quer contrariar a tendência que durante anos afastou do concelho a oferta educativa, nomeadamente em matéria de formação profissional e ensino superior.

Com taxas de abandono escolar e ingresso no mercado de trabalho precoces e bastante significativas, Penafiel é o espelho de um concelho que carece de uma aposta estruturada ao nível da formação.

Actualmente os jovens que procurem a progressão dos seus estudos têm de deslocar-se ao Porto ou a cidades vizinhas. Uma realidade que a autarquia penafidelense quer modificar, estabelecendo para tal parcerias com instituições académicas.

O objectivo é que estas instituições se fixem em Penafiel e levem até aos estudantes locais a sua oferta formativa.

Para já são dois os parceiros de peso, a Escola de Comércio do Porto (ECP) e a Escola de Tecnologia e Gestão Industrial (ETGI) - escola tecnológica da Associação para a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica (AESBUC) -, mas a autarquia penafidelense garante que a breve prazo serão mais as instituições a promover cursos na cidade.

"Em Penafiel não existia até à data nenhuma estrutura de ensino ligada à formação profissional, nem existia nenhum curso de especialização tecnológica. A autarquia apercebeu-se desta lacuna e tentou colmatá-la cativando algumas instituições de ensino a fixarem-se na região
", explica João Abreu, membro do conselho de administração da Profidelis e também chefe do Gabinete de Apoio à Presidência da CMP.

A primeira incursão educativa data já do ano passado, altura em que a ETGI estabeleceu com a empresa municipal Profidelis uma parceria que viabilizou a abertura de um pólo da instituição em Penafiel.

Na altura o único curso a funcionar era o de Especialização em Qualidade Alimentar (nível 4 CE). Uma oferta que este ano se torna mais abrangente já que a ETGI-Penafiel lança este ano o curso de Especialização em Qualidade Ambiental.

Com as candidaturas abertas até à primeira semana de Outubro, este curso (com duração de dois anos) tem, segundo Dora Bastos, responsável da ETGI, "uma abrangência muito grande em matéria de saídas profissionais. Há um mercado de trabalho vasto nesta área já que são várias as indústrias onde poderá ser aplicada".

A funcionar apenas há um ano em Penafiel, a ETGI não dispõe ainda de uma contabilização efectiva da taxa de inserção profissional uma vez que os primeiros formandos ainda não concluíram o curso.

Todavia, Dora Bastos diz esperar que "a taxa seja tão boa como a verificada na cidade do Porto, onde os cursos já funcionam há mais tempo e a inserção efectiva ronda os 87%".

E se a qualidade ambiental é importante para a região dada a existência de várias pedreiras no concelho, a ligação de Penafiel ao sector dos têxteis e calçado não será menos importante.

Talvez isso explique a parceria celebrada com a Escola de Comércio do Porto (ECP) que levará à cidade a primeira edição do curso de Especialização em Marketing de Moda.

Com início no próximo mês de Outubro e um total de 1200 horas de formação (um ano lectivo), sendo que 360 delas se realizam em contexto de trabalho, este curso tem um total de 15 vagas disponíveis.

Para Ana Mestre Teixeira, directora da ECP, "Penafiel é um excelente lugar para implementar esta formação pelo facto de ter sediadas empresas importantes nestas áreas, que poderão vir a acolher parte dos formandos".

Para a directora da ECP, "os alunos deste curso serão de alguma forma pioneiros na tarefa de levar o Marketing de Moda para dentro das empresas do sector. É um conceito que toda a gente reconhece, mas que poucas empresas implementam a nível interno. Tem por isso um elevado potencial de empregabilidade".

Na realidade, a escolha destes cursos não foi para João Abreu aleatória. "De alguma forma queremos implementar aqui cursos que se coadunem com as necessidades da região e com as actividades económicas aqui representadas", afirma. E, por outro lado, há o desejo de combater o abandono escolar.

De acordo com João Abreu, "a Carta Educativa de Vale de Sousa, um documento que mostra o perfil da região em matéria de formação, traça uma região onde o abandono escolar é precoce e a entrada no mercado de trabalho faz-se muito cedo e com níveis de qualificação muito baixos".





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