O que os investigadores podem fazer por Portugal
Foi esta semana apresentada a primeira plataforma nacional que servirá de montra a toda a investigação que está a ser produzida em Portugal, na área das ciências da saúde: o SciPort. Mas além de que dar a conhecer o projeto do Health Cluster Portugal, a apresentação acabou por demonstrar a importância que a retenção do talento nacional nesta área pode ter para a recuperação económica do país.
21.10.2011 | Por Cátia Mateus

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Desde esta semana que o SciPort está online, funcionado como uma montra científica para cerca de 250 instituições - entre centros de investigação, laboratórios associados, hospitais e empresas que investem em inovação em Portugal - na área da saúde. A iniciativa é pioneira em Portugal e permite, segundo Joaquim Cunha, diretor executivo do Health Cluster Portugal (HCP), entidade promotora da plataforma. “ter uma visão rápida de quem é quem nesta área, quem está a fazer o quê, com quem e que tipo de equipamentos estão disponíveis”. A meta, refere o representante, é até ao final do ano divulgar 70 a 80% dos projetos em curso e dar continuamente visibilidade pública à produção científica nacional, mostrando ao país e ao mundo, não só o talento nacional nesta matéria, mas também o papel dos investigadores num momento, conjunturalmente, decisivo para o país.
Joaquim Cunha não é dramático quando a questão é a hipotética fuga de cérebros portugueses para o estrangeiro, como resultado dos cortes orçamentais recentemente anunciados. O diretor-geral do HCP reconhece, contudo, que esta ‘fuga’ deverá ser compensada. “Não faz mal que estes cérebros saiam e que regressem mais tarde, desde que outros venham ter connosco, caso contrário podemos ficar numa situação teoricamente insustentável que é a de estarmos a formar quadros que só outros aproveitem”, esclarece. Para o especialista “quer em termos de ciência, quer em Economia, estamos num mundo global. Não faz mal as pessoas estarem a trabalhar na Holanda, nos EUA ou na Alemanha”. Importante é para Joaquim Cunha “que sejam criadas as condições, pela área económica, para atrair pessoas qualificadas”. Um esforço que reconhece, dificilmente será bem sucedido de se for apenas feito através da área académica. Portugal teve, nos últimos anos, uma evolução notória na área da investigação e tem hoje “instituições e investigadores de referência que resultam de um enorme esforço de um país que nesta área vinha do nada, nos últimos 10, 15, 20 anos”, revela. Mas é preciso perpetuar esse esforço e trilhar mais caminho.
Também para o presidente do Grupo e Fundação Bial, Luís Portela, “é necessária uma alteração de paradigma no sector empresarial português, que deve apostar numa via mais inovadora e competitiva à escala global, contratando jovens talentos”. Luís Portela fala na necessidade urgente de definir um plano estratégico de desenvolvimento do país, nesta e noutras áreas, a longo prazo e diz acreditar se restrições que “muitas vezes é nas situações de crise que surgem novas oportunidades e se fazem apostas que mudam as coisas”. Os jovens talentos nacionais, refere, “poderão desempenhar um papel muito importante, sejam eles engenheiros, mestres ou doutores, assim as empresas saibam dar-lhes oportunidades e o Governo saiba dar-lhes condições e incentivar as empresas a captar e colocar ao serviço do país este talento”.
Luís Portela considera, por exemplo, importante reativar um pacote de incentivos às empresas que contratem jovens investigadores, mestres e doutores, como forma de incentivar as empresas e os jovens a continuarem a apostar nas suas carreiras em Portugal. “Sabe-se que o tecido empresarial português emprega gente pouco qualificada, de forma geral, e é muito importante inverter essa situação, contratando gente qualificada, capaz de fazer chegar às empresas novos projetos, novos produtos e serviços que sejam competitivos à escala global e que permitam a internacionalização da economia nacional”, defende acrescentando ainda que “os investigadores, os bons investigadores, são pessoas que vivem apaixonadamente e se estiverem bem enquadrados, com bom ambiente de trabalho e se continuarem a ser acarinhados, apesar do sacrifício que o Estado lhes pede, há condições para continuarem em Portugal”.
Mas para o reitor da Universidade do Porto, Marques dos Santos, o cenário não é tão linear. Em Portugal, cerca de 24% dos investigadores trabalham nas empresas e 76% em universidades. Nos Estados Unidos é precisamente o inverso. O reitor acredita que os cortes anunciados pelo Governo podem levar à fuga dos melhores cérebros, quando estes poderiam ajudar a resolver o problema do país e diz: “atualmente não é altura de pensar no que o Estado pode fazer por nós, mas no que podemos nós fazer pelo Estado”.
Contudo, também o físico Carlos Fiolhais acredita que “Portugal pode travar a emigração de jovens talentos dando-lhes a possibilidade de ascenderem à cátedra universitária e de ajudarem a inovar nas empresas nacionais”. E com isto Carlos Fiolhais, docente da Universidade de Coimbra, não quer fazer a apologia da eterna bolsa de investigação. “Nos últimos anos montou-se um sistema de ciência muito dinâmico, mas grande parte deste sistema está ao lado da universidade quando deveria estar dentro dela”, defende. Fiolhais acredita que “é preciso dar aos jovens não apenas uma bolsa, mas a possibilidade de ascenderem à cátedra e criarem os seus grupos de investigação dentro das universidades e com isto renovarem um corpo docente que está a ficar envelhecido”.
Mas mais importante do que abrir as portas da carreira académica a estes investigadores é ligar os jovens talentos às empresas nacionais e a economia. “É preciso que os jovens brilhantes na investigação entrem também nas empresas e é preciso que as empresas percebam, de uma vez por todas, que têm ali uma maneira de assegurar o futuro e de renovar a economia nacional”, conclui.
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