Cátia Mateus
Em Portugal existem, segundo a Associação Portuguesa de Gemologia (APG) e o Instituto Gemológico Português, cerca de cinco mil ourivesarias e mais de mil industriais registados nesta actividade. Um sector com um potencial de crescimento que poderia ser ainda mais determinante para a economia nacional se houvesse maior investimento em novas infra-estruturas vocacionadas para a exportação, mas também maior qualificação dos profissionais do sector. É esta a opinião de José Baptista, presidente da APG, que acredita ser possível, através da formação de profissionais, criar cerca de seis mil empregos qualificados neste sector.
“A grande meta da APG é criar no sector a necessidade de ter ao seu dispor pessoas com conhecimentos actualizados em áreas-chave da joalharia, como, por exemplo. técnicas de falsificação”, explica José Baptista, ao mesmo tempo que salienta a importância de quem já opera no mercado actualizar os seus conhecimentos.
“Cerca de 99,9% das cinco mil ourivesarias deste país e das cerca de mil indústrias que operam no sector não têm um único gemólogo na sua equipa, o que desequilibra a balança de critérios relativamente aos demais países da Europa", enfatiza o presidente da APG. Uma realidade que preocupa José Baptista, para quem “o país está a perder nesta matéria”. E perde, segundo refere, em várias frentes. José Baptista argumenta que, ao falar de joalharia, estamos a falar de riqueza patrimonial e de uma área de actividade que terá muito a oferecer ao país em matéria de volume de negócios se a qualificação dos seus profissionais for assumida como uma prioridade.
Diz o presidente da associação que “é mais do que óbvia e premente a necessidade sentida pelos profissionais deste sector em matéria de qualificação”. José Baptista diz que "há muito que a associação e os profissionais que a integram perceberam que o sector estava a conviver com o desconhecimento e a desinformação e que, à custa disso, estava a permitir que o mercado recebesse produtos artificiais sem bilhete de identidade, lesando os interesses de uma arte profundamente sentida pelo nosso povo”.
Decidida a combater e a inverter esta realidade, a APG deu início a um vasto leque de formações especificamente direccionadas ao profissionais da joalharia, com as quais espera conseguir gerar seis mil empregos qualificados. Direccionados ao sector da ourivesaria (joalheiros, ourives, comerciantes de gemas, cravadores e lapidários) mas também ao público em geral (estudantes de História da Arte, escolas de Arte e Design ligadas ao universo das jóias), os cursos visam transmitir um conjunto de conhecimentos que capacitem estes profissionais para o conhecimento da natureza dos materiais que manejam, tornando o seu trabalho mais fácil e seguro, mas sobretudo colmatar a lacuna gerada pela inexistência de gemólogos no país. O que, afiança José Baptista, “projecta uma péssima imagem de Portugal junto de um público mais conhecedor e amante de jóias e pedras preciosas”.
Presentemente a APG está a leccionar os cursos de Iniciação à Gemologia, também designados Diplomados em Gemologia. Mas paralelamente estão perspectivadas acções de formação profissionalizante em áreas como a lapidação e polimento de gemas, reconhecimento directo, sínteses e imitações, etc.
Concluídas as duas primeiras edições do Curso Básico de Gemologia, José Baptista faz um balanço extremamente positivo em matéria de adesão, de tal ordem que há já novas edições agendadas para Julho. “No primeiro curso conseguimos captar alunos de áreas tão diversas como a geologia, o comércio e a economia. Neste momento queremos atingir novos públicos, como desempregados à procura de um novo emprego ou jovens em busca do primeiro”, explica o presidente da APG.
Após a conclusão desta formação, a associação compromete-se a informar o mercado do sector de que estão disponíveis novos profissionais qualificados e habilitados com as mais recentes técnicas da gemologia, podendo constituir uma mais-valia. Além disso, o mercado pode também solicitar à associação uma formação à medida das suas necessidades específicas, ajudando assim a colmatar as falhas de qualificação e a tornar o sector apto a dar resposta às últimas tendências e exigências mundiais.