Ruben Eiras
        
        A diferença salarial entre homens e mulheres é 
        de apenas 5% em Portugal
      
      
    
    
      
      
    
  
  
  
  
     
       
        
          OS SALÁRIOS portugueses são os mais igualitários 
          entre sexos na União Europeia, ultrapassando mesmo os países 
          nórdicos. 
          
          De acordo com a última análise, referida na "Situação 
          Social da Europa 2003", elaborada pela Comissão Europeia, 
          as mulheres recebem um montante salarial apenas 5% menor do que os homens. 
          Na UE, a média do diferencial salarial entre sexos situa-se nos 
          16%.
          
          Em Portugal, o "gap" remuneratório entre homens 
          e mulheres tem vindo a diminuir progressivamente desde 1994, com excepção 
          de uma ligeira subida em 1997.
          
          Para Pedro Câmara, consultor de gestão de recursos humanos, 
          esta tendência do mercado português mostra que existe uma 
          percentagem crescente de mulheres mais qualificadas "que concorrem, 
          em pé de igualdade com os homens, a cargos mais bem qualificados". 
          
          
          Isto porque, segundo aquele especialista, a discriminação 
          salarial assenta na diferença de qualificações 
          e não em outros elementos, como o sexo ou a raça, por 
          exemplo.
          
          Elsa Carvalho, consultora da Mercer HR Consulting, uma multinacional 
          de recursos humanos, partilha da mesma perspectiva: "O nível 
          de responsabilidade das funções ocupadas pelo sexo feminino 
          cresceu significativamente. É comum encontrarmos actualmente 
          mulheres em cargos de chefia e funções de gestão". 
          
          
          Mas há outra realidade "encapotada" sob a estatística 
          de igualdade salarial. Segundo Pedro Câmara, na Europa Central 
          e do Norte, as mulheres abandonam o mercado de trabalho quando têm 
          filhos e reentram por volta dos 40 anos, quando estes já são 
          autónomos. 
          
          "Esta reentrada faz-se num patamar inferior ao que normalmente 
          corresponderia às suas qualificações e, por isso, 
          poderá justificar um 'gap' maior", explica.
          
          Mas, em Portugal, diz aquele consultor, as mulheres não podem 
          dar-se "a esse luxo, porque o seu salário é indispensável 
          para equilibrar o orçamento familiar". 
          
          Elsa Carvalho refere que a homogeneidade salarial entre sexos irá 
          tornar-se cada vez mais forte no mercado português, "criando 
          mais igualdade de oportunidades".