Maribela Freitas
As mulheres portuguesas estão cada vez mais empreendedoras. Prova disso são os 13 novos negócios apresentados por mulheres do Norte e Centro, iniciados com o apoio da Associação das PME – Portugal. Esse auxílio à criação de empresas integrou-se no programa Empreendedoras PME que vai ter uma nova edição já no próximo mês, desta vez também aberta aos homens.
Ao longo da sua existência, a PME – Portugal, através de várias iniciativas, tem fomentado e criado condições para o empreendedorismo em território nacional. O Programa Empreendedoras PME é uma dessas acções que têm por objectivo dotar as mulheres das condições necessárias para enfrentarem o mercado de trabalho, incutindo-lhes espírito de liderança e vontade de criar o seu próprio negócio. Recentemente a associação efectuou um balanço deste projecto. Em três edições deste programa – a primeira teve o seu início em 2002 –, a PME-Portugal ofereceu formação e consultoria a cerca de meia centena de mulheres desempregadas, das quais 40% abriram ou estão em fase de criar o seu próprio negócio, no caso das participantes da última edição.
Das novas 13 empreendedoras, seis desenvolvem ou irão criar o seu negócio em Braga, uma em Ponte de Lima, duas no Porto, outra em Aveiro e três em Leiria, concelhos onde esta última edição se focalizou. O fabrico de colchões, um gabinete de tradução e formação, um centro de yoga, serviços de engenharia, um restaurante e comércio de equipamentos de tratamento de água, são alguns dos negócios apresentados. Os restantes, tal como estes, centram-se na área do comércio e serviços.
“Um verdadeiro sucesso”, é como Alexandra Campos, secretária-geral da PME–Portugal, avalia esta acção. Nas suas várias valências, o programa Empreendedoras PME abarca a consultoria com vista à elaboração dos planos de negócios e apoio ao funcionamento e consolidação do projecto; a elaboração de planos de negócios para as empreendedoras que queiram apostar na constituição do negócio – nomeadamente a análise de viabilidade económico-financeira do projecto e um prémio de arranque à actividade, de 12 salários mínimos para apoio financeiro ao arranque da ideia. Entre as acções de formação e consultoria dadas, destacam-se alguns dos aspectos focados, como o de suporte à criação de redes de inter-empresas que facilitem o acesso à informação num ambiente de divulgação de oportunidades e a sustentabilidade e crescimento dos negócios.
Na perspectiva da direcção da PME–Portugal, o facto de as mulheres constituírem a grande maioria dos candidatos à criação de novos projectos empresariais e o balanço positivo deste programa são razões mais do que suficientes para continuar a incentivar o empreendedorismo nacional. Alexandra Campos acrescenta mesmo que “o empreendedorismo empresarial necessita de apoio, a começar pelos desempregados à procura do auto-emprego”. Uma vez que na maioria dos casos são as mulheres as mais afectadas pela falta de trabalho, esta associação tem vindo a procurar soluções para as apoiar na criação da sua empresa. No entanto, e a partir do próximo mês, este programa vai abranger mais do que um género. É que “têm chegado à PME–Portugal muitas solicitações por parte dos homens no sentido de também eles poderem usufruir deste tipo de apoios no âmbito da formação e consultoria de negócios”, conta a secretária-geral. Nessa medida, a associação irá dar continuidade a este programa, abrindo a iniciativa aos homens. Os moldes não serão muito diferentes do que foi realizado até aqui e o objectivo é também dotá-los, em conjunto com as mulheres, de condições para enfrentarem a competitividade de um mercado empresarial cada vez mais global.
Num estudo relativo a 2006 do Observatório da Criação de Empresas do IAPMEI, realizado a partir de um inquérito feito a mais de 1500 empreendedores, as mulheres vencem os homens. Estas já representam um terço dos empreendedores nacionais e a proporção feminina tem tendência a aumentar nas camadas mais jovens. Além do mais, as mulheres desempregadas estão mais dispostas a ir à luta. O estudo revela que a situação de desemprego antes da criação do negócio é mais frequente nas mulheres do que nos homens.