Maribela Freitas
A UNIVERSIDADE Moderna de Lisboa (UML) está a desenvolver
uma iniciativa que tem como objectivo criar uma ligação
entre o ensino superior e o secundário. A Comunidade Educativa
Moderna (CEM) assume-se como um projecto educativo que visa transmitir
o conhecimento mútuo e informação sobre a universidade,
a um conjunto de escolas secundárias da capital. Neste âmbito,
realizaram-se já estágios de alunos do secundário
na UML onde foi dado a conhecer aos mais novos o que é uma universidade
e como é que ela funciona.
Esta iniciativa surge em resposta à necessidade de encarar a
educação como um contínuo, desde a entrada nas
escolas até às pós-graduações universitárias.
A UML assume cada aluno como um projecto em evolução permanente
e com a CEM a Moderna pretende contactar com os outros participantes
nos projectos educativos dos seus alunos.
Britaldo Rodrigues, reitor da UML explica que "cada estado do
projecto educativo deve ser contínuo e é na passagem de
um estado ao outro que muitas vezes se verifica o abandono escolar.
É comum na universidade queixarmo-nos da qualidade do ensino
secundário, mas a universidade não terá aí
uma responsabilidade? A CEM surge exactamente para minimizar essa passagem
do secundário para o ensino superior".
A iniciativa começou no passado ano lectivo e envolveu quatro
escolas secundárias da área da Grande Lisboa - Restelo,
Miraflores, Rey Colaço e Marquês de Pombal. Para já
e durante o próximo ano lectivo este projecto vai continuar a
decorrer nestas escolas, embora Britaldo Rodrigues coloque a hipótese
de alargar a iniciativa, pelo interesse demonstrado por muitas outras
instituições de ensino.
Como primeira iniciativa a CEM promoveu encontros entre docentes. A
ideia era trocar experiências e tentar perceber quais os problemas
que surgem na articulação do ensino secundário
com o superior. As associações de pais quiseram participar
neste processo, colocando as suas dúvidas quanto às mudanças
programadas para o ensino superior, nomeadamente o processo de Bolonha.
Além dos encontros foram feitos estágios de alunos do
secundário na UML, com a duração de uma semana,
onde assistiram a aulas, contactaram com professores e a vida académica,
de forma a perceber melhor o que é o mundo universitário.
"Quisemos mostrar como se vive numa universidade. Fizemos ainda
alguns dias de universidade aberta, onde foram dados a conhecer aos
alunos dessas escolas os cursos que leccionamos". Em todas
estas iniciativas a UML contou com a colaboração dos seus
próprios estudantes.
"Outra acção integrada na CEM passou pelo apoio
a clubes de ciência já existentes e na criação
de novos nas escolas onde não existiam. É muito importante
desenvolver nos alunos o espírito investigativo para que cresça
neles a capacidade de inovação que torne a nossa sociedade
mais competitiva no contexto europeu em que se insere", refere
Britaldo Rodrigues.
No próximo ano lectivo a CEM vai continuar a desenvolver estas
e outras actividades. À imagem dos clubes de ciências e
com a colaboração dos núcleos de alunos universitários,
vão ser criados três clubes: arquitectura, direito e cinema
e televisão.
Aqui serão realizadas aproximações a estas profissões.
O reitor quer também começar a desenvolver expedições
científicas - onde tudo pode ser perguntado - que agucem o espírito
investigativo dos mais jovens. Há também a ideia de criar
uma revista que sirva de elo de ligação entre a universidade
e as escolas secundárias englobadas no projecto.
A programação destas novas acções resultou
do esforço articulado entre os docentes do superior e secundário.
"Houve grande aceitação e entusiasmo perante esta
iniciativa e muitas escolas mostraram interesse em participar. É
provável que no próximo ano se alargue o número
de escolas, desde que isso não ponha em causa a qualidade da
CEM", finaliza Britaldo Rodrigues.