Ruben Eiras
CURIOSIDADE e uma afluência
significativa de visitantes foram as notas dominantes da primeira
edição do World MBA Tour - uma das maiores feiras
globais de escolas de negócios - em Lisboa, que se realizou
no passado dia 18 de Março no Hotel Sheraton.
De acordo com José António Cruzado, gestor
de "marketing" daquele evento, o certame contou com a presença
de 300 pessoas, "um valor considerável para a primeira
edição e a dimensão do mercado lisboeta".
Com cerca de 70 universidades presentes dos quatro cantos do mundo, o
evento ainda assim pecou pela ausência de algumas instituições
de renome, como Harvard e Oxford, por exemplo. Mas as escolas de negócios
espanholas apareceram em peso. Não obstante, José António
Cruzado está confiante que no próximo World MBA Tour em
Lisboa aumentarão o número de escolas representadas. A média
neste evento situa-se entre as 130 e 140, tendo como referência
a versão londrina deste certame.
Nunzio Quacquarelli, director da Topcareers, a empresa organizadora desta
feira, refere que embora o número de visitantes da edição
lisboeta tenha sido pequeno, o seu perfil primava pela qualidade. "Afluíram
pessoas com uma experiência profissional considerável - entre
os três e os dez anos de trabalho -, provenientes de grandes empresas
e muitas com negócio próprio", enumera. Uma visão
corroborada por alguns dos representantes das universidades com quem o
EXPRESSO contactou.
Louise Brecketton, da Universidade de Cambridge, realçou o facto
de muitos dos visitantes estarem bem informados sobre os conteúdos
dos cursos. "Noutras feiras mais antigas não encontramos
tantas pessoas com este nível de preparação a nível
da informação sobre MBA", salienta.
Para Jon Pike, da Universidade de Warwick, embora o mercado português
seja pequeno, vale a pena investir, pois possui um segmento de educação
de topo emergente e "muito apetecível". Thomas Schroeder,
da universidade australiana de Melbourne, não poupou esforços
no marketing e revela que os estudantes portugueses têm praticamente
garantido um lugar no MBA daquela instituição. "Primamos
pela diversidade cultural no recrutamento de alunos e como não
temos nenhum português, a bolsa de estudo está assegurada
logo no início", garante.
Claudia Montejano, da universidade mexicana EGADE de Monterrey - considerada
a melhor escola de gestão da América Latina -, também
ficou bem impressionada com o perfil dos visitantes portugueses. "Temos
muito intercâmbio com países como a Suécia e a França
e gostaríamos de encetar o mesmo laço com Portugal",
adianta.
Entre os visitantes, a atitude foi positiva, mas salpicada pela insatisfação.
Patrícia Vinhas, gestora de projecto da PT Comunicações,
achou o evento "útil", por dar uma maior visão
do mercado. "Mas deviam estar presentes mais universidades norte-americanas",
contrapõe.
Para Filomena Gonçalves, gestora de "marketing" da Taugagreining,
uma empresa finlandesa de equipamento médico, esta edição
do MBA Tour foi uma boa iniciativa e "que se deverá repetir",
mas critica "a informação muito vaga distribuída
pelas escolas".