Ruben Eiras
AS CANDIDATURAS a MBA aumentaram cerca de
70% a nível mundial durante o ano de 2002. A tendência
deve-se à cada vez maior banalização
da licenciatura e à crise económica.
Segundo o MBA Recruitment Survey 2002, realizado
pela topmba.com - a empresa organizadora do World MBA Tour, que
recentemente passou por Lisboa -, as pessoas que não possuem
este nível estão a sentir-se mais vulneráveis
no mercado de emprego.
"Devido ao arrefecimento da economia, uma grande maioria
da força de trabalho considera esta altura como a ideal
para sair do mercado e estudar, para reentrar na linha da frente
quando o recrutamento enveredar por uma rota ascendente",
refere Nunzio Quacquarelli, um dos autores da pesquisa.
Mas a incerteza sobre quando será esse momento de inflexão
do mercado. Embora cerca de 30% das empresas abrangidas pela pesquisa
mencionem que aumentaram as contratações no final
de 2003, a instabilidade do mercado bolsista, agravado pela crise
da guerra do Iraque, fazem prever que a retoma só se verifique
nos primeiros meses de 2004.
Entretanto, o MBA está a tornar-se numa qualificação
básica para a entrada em algumas funções
de gestão. De acordo com Monisha Saldanha, outra das autoras
do estudo, "sem um curso destes, é praticamente
impossível chegar a analista de um banco de investimento
de topo ou a consultor sénior numa consultora de renome".
As PME também estão a recrutar grandes quantidades
de MBA. Adrian Barrett, consultor da Global Workplace, um sítio
de emprego que congrega muitas das escolas de negócio das
mais prestigiadas do mundo, observa que uma grande parte da fatia
da procura provém de PME que estão a aproveitar
a crise para recrutar "bons talentos desaproveitados pelos
recrutadores tradicionais" com pacotes remuneratórios
muito mais baixos, mas "razoáveis para reter este
tipo de mão-de-obra".
Empreendedorismo em força na Europa
Outra nova tendência é o nível crescente de
empreendedorismo que floresce neste tipo de formandos. Segundo
a pesquisa, pela primeira vez, algumas escolas reportam que mais
de 10% das turmas decidiram criar o seu próprio negócio.
Este comportamento deve-se, segundo Monisha Saldanha, à
instabilidade do mercado de trabalho, "que reduz o custo
de oportunidade de começar um negócio, até
para os MBA que são adversos ao risco".
Uma vaga que está a ser liderada pelas escolas europeias.
O MBA Recruitment Survey 2002 relata que 19% dos alunos de MBA
de Cambridge criaram a sua própria empresa, 10% na Manchester
Business School e 7% no espanhol Instituto de Empresa.
A experiência profissional continua a ser um activo valorizado
pelos recrutadores. Os candidatos que possuam entre quatro a oito
anos de currículo estão melhor posicionados para
conquistarem as posições mais valiosas do mercado.