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Mar atrai I&D internacional

21.05.2004


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Fernanda Pedro

AS PROFUNDEZAS das águas da costa portuguesa estão a ser estudadas num projecto que envolve as instituições norte-americanas Ocean Techonology Foundation e a Universidade de Connecticut, e portuguesas como o Centro de Ciências do Mar do Algarve da Universidade do Algarve, a Universidade Autónoma de Lisboa e o Instituto Hidrográfico da Marinha Portuguesa.


O projecto SEMAPP-Ciência, Educação e Arqueologia Marinha, destina-se à investigação nas áreas de arqueologia, biologia e geologias marinhas, visando igualmente o desenvolvimento de aplicações tecnológicas para o estudo do oceano. Coube à Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, através da Ciência Viva, o papel de desenvolver a vertente educativa deste projecto.

Nesse sentido, além das instituições de ensino superior, vários estabelecimentos de ensino secundário estão ligados ao SEMAPP. De acordo com Ana Noronha, da direcção da Ciência Viva, esta iniciativa é de importância extrema, porque incentiva os jovens para a investigação e para as ciências do mar. "A nossa costa é rica para desenvolver projectos de investigação, daí que acções como o SEMAPP motivam os estudantes para estas áreas", explica a responsável.

O Instituto Hidrográfico que se juntou ao projecto em 2003, actua como catalizador desta iniciativa. "Além dos recursos que dispomos temos equipas de investigação que abordam todas as áreas relacionadas com o mar", revela o comandante Lopes da Costa do Instituto Hidrográfico.

Na realidade, este organismo empenha-se neste momento no estudo dos canhões submarinos (espécie de desfiladeiros ou vales acentuados no leito do mar na zona da plataforma continental) da Nazaré e do sul do Algarve.

Foi no canhão de Portimão, que uma equipa composta de cientistas americanos e portugueses, bem como quatro alunos e um professor da Escola Secundária Diogo Gouveia de Beja, a bordo do navio da armada portuguesa "Schultz Xavier", participaram na investigação dedicada a estudos sobre a fauna marinha e sobre os aspectos geológicos destas formações.

Nesta expedição participou um minisubmarino tripulado norte-americano, o "Delta" (ver foto), e que permitiu a aquisição de imagens, dados e amostras do fundo do mar. Segundo o comandante Lopes da Costa, o oceano desempenha um papel fundamental como regulador do clima global, é fonte de vida e de recursos.

"A investigação científica do mar é uma ferramenta essencial para o conhecimento dos recursos e potencialidades de aproveitamento económico e para a preservação de um ambiente saudável"
, explica o responsável.

De acordo com Lopes da Costa, as áreas de investigação do Instituto Hidrográfico desenvolvem-se nos domínios da oceanografia (física, geológica e química), da hidrografia, da cartografia náutica, da navegação, da protecção do meio marinho e do aproveitamento de recursos naturais, bem como da qualificação dos recursos humanos.

Nesse sentido, o Instituto Hidrográfico colabora activamente com as universidades na formação onde oficiais e técnicos colaboram no ensino em disciplinas da especialidade. O Instituto acolhe ainda cerca de vinte estagiários e segundo o comandante "realizam trabalhos na área de oceanografia física, geologia marinha, química em sistemas de informação geográfica ou hidrografia, os quais são mais valias para a futura inserção no mercado de trabalho".

Através da escola do Instituto Hidrográfico são também preparados especialistas em Hidrografia, civis ou militares, sendo também usada no âmbito da cooperação internacional.

Projectos marinhos em curso

ENTRE os projectos de investigação em que o Instituto Hidrográfico está envolvido em regime de cooperação com a comunidade científica nacional e europeia, destacam-se:

Mocassim - Este projecto tem como objectivo o desenvolvimento de ferramentas de modelação numérica com técnicas de assimilação de dados, tendo em vista um sistema integrado de previsão de circulação oceânica, de dinâmica sedimentar e agitação marítima.

Pammela 2
- Tem por meta o desenvolvimento de modelos de propagação da agitação marítima em águas pouco profundas, até à rebentação na costa. Está implementado em toda a Costa de Portugal.

Euro Strata Form - Visa estudar os processos sedimentares e forçamentos associados que ocorrem na margem continental europeia - explicam a estrutura e evolução dos estratos sedimentares que formam a margem continental. No projecto europeu, o Instituto é responsável por estudar o papel dos principais canhões submarinos na Costa Oeste portuguesa e na exportação de sedimentos da plataforma continental para o oceano.

Atoms
- Estuda o estado do oceano, em termos de propriedades físicas, através de métodos de tomografia acústica. Esta consiste na medição de tempos de percurso e da fase dos raios sonoros. Através da sua propagação na água, é possível, através de cálculos matemáticos, reconstituir o fundo oceânico, suas correntes e temperaturas.





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