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Escola ensina a trabalhar com a morte

A escola dos profissionais do sector funerário pretende acabar com o instalado amadorismo que caracteriza uma boa parte daqueles que exercem a sua actividade neste sector
23.04.2008


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Marisa Antunes

Abriu finalmente em Portugal uma escola profissional para formar aqueles que trabalham directamente com a morte. Localizada em Elvas está integrada no novo complexo funerário gerido pela Servilusa, inaugurado há pouco mais de duas semanas, arrancando o primeiro curso de formação já a 12 de Maio. O objectivo é acabar com o amadorismo de muitos que exercem a sua profissão neste sector apesar da rentabilidade do negócio, pois todos os dias se realizam em Portugal cerca de 280 funerais.

Ensinar as regras básicas comportamentais aos agentes funerários e aos coveiros ou transmitir as técnicas de higienização dos corpos (tanatopraxia), algo que já é um hábito na maior parte dos países desenvolvidos, mas que cá ainda poucos aderiram, são apenas dois exemplos do que poderá ser ensinado na Escola dos Profissionais do Sector Funerário, salienta Paulo Carreira, responsável da Servilusa, empresa-líder do sector.

Os cursos vão ser leccionados pela Associação Portuguesa dos Profissionais do Sector Funerário, fundada pela Servilusa, e as aulas vão decorrer no antigo convento, que fica paredes-meias com o novo complexo funerário.

Os formadores estão certificados pela Direcção-Geral do Emprego e Relações do Trabalho e o primeiro curso, a realizar-se entre 12 a 14 de Maio (com inscrições através das autarquias), destina-se aos operadores cemiteriais vulgarmente conhecidos por coveiros. “Este primeiro curso vai ser gratuito e terá uma capacidade máxima de 20 alunos. Na nossa sociedade, o coveiro tem uma imagem muito negativa, mas nós queremos mudar essa ideia”, acentua Paulo Carreira.

Em Junho, de 2 a 4 será ministrado o curso de ‘Gestão de Cemitérios e Crematórios' (com um custo de 300 euros), onde se dá dicas tão simples mas habitualmente esquecidas, e que são referenciadas pelo responsável da Servilusa: “Um exemplo: não agendar funerais próximos na hora, caso seja um cemitério pequeno ou ter o cuidado, quando as horas são coincidentes e se o espaço assim o permitir, de os marcar para locais razoavelmente distantes um do outro. Neste curso tal como nos outros está sempre subjacente a questão de imprimir humanismo à cerimónia”.

Segue-se a 4 de Julho o curso de ‘Competências Interpessoais, Desenvolvimento e Prática', a um custo de 100 euros. “Esta acção de formação é muito importante pois vai sensibilizar os profissionais no desempenho da sua tarefa: ao nível de postura que devem ter durante os funerais (como por exemplo, desligar o telemóvel durante a cerimónia ou não estar embriagado), nas técnicas e ferramentas de trabalho (como saber calcular a dimensão da cova ou o material para escavar), mas também na sua auto-estima, na cooperação e gestão de equipas”, lembra ainda o responsável. O curso de ‘Técnico de cremação' (para ensinar a operar o forno e cumprir as regras de higiene e segurança no trabalho) está previsto na calendarização para 21 e 22 de Julho, a um preço de 200 euros.

Em carteira, mas dependente do interesse dos operadores de mercado e consequentemente ainda sem data definida estão outros cursos pertinentes como o da ‘Gestão Ambiental em complexos funerários', para divulgar, entre outros assuntos, materiais como as urnas ecológicas que por não conterem vernizes sintéticos, metais ou plásticos, são biodegradáveis e amigas do ambiente. Ou o da ‘Gestão Informatizada dos Cemitérios' para acabar com os milhares de volumes onde se registam manualmente os funerais e os números das campas. “Com essa informatização passa a ser possível a instalação de quiosques de Internet onde para se saber o número da campa e a localização, basta colocar o nome do defunto, só para citar um exemplo”, especifica Paulo Carreira.




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